quarta-feira, dezembro 27, 2006

Vou-me embora para passárgada

Vou-me embora pra Passárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada

Vou-me embora pra Passárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Passárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada


Manoel Bandeira

quinta-feira, dezembro 14, 2006

De Babe Lavenère (desculpe o engano!!)

Íntimo Decreto Lei 27112003, Carmesim ou Pequena Ode ao Homem Desencantado

Dar um fim às coisas que já tiveram fim.
Estou dolorida,
Sinto medo, ai de mim!
Quero sentir outras coisas. Melhores. Mais vida!
Das cores, a mais: quero o carmim.

Uma paixão arrebatadora e falada.
Se for príncipe encantado: nego,
Quero coisa desencantada!
Mas não ao desencanto, disso não sossego.
Ao homem real: nascí pra ser amada

Ai, como era bom!!!

Eu gosto tanto de te saber aqui por exemplo, numa segunda feira de manhã. É tão bom conversar horas de besteira com você nas posições em que acomodamos mais esdruxulamente as nossas pernas. E você esticar um pouquinho o seu braço e brincar com um carrinho esquecido embaixo da cama enquanto eu carinho as suas costas. E te beijar e começar tudo outra vez, sem pressa. Observar suas mãos, encaixar os meus pés nos seus, fazer amor até cansar. Tomar um banho e voltar pra cama. Sem pressa. E pensar em como você não tem noção de como eu me sinto ao te beijar no meio de um supermercado com desejo suficiente pra te amar para o resto de minha vida.

terça-feira, dezembro 12, 2006

tema recorrente

É no domingo que tudo fica pior por que sozinha eu sou todos os dias, mas no domingo eu sou mais. No domingo, o dia se arrasta. Parece que tudo fica mais preguiçoso, mais quieto e eu mais sozinha. No domingo eu não tenho saco, não tenho paciência. E sou mais sozinha.
Era pra ser no domingo que eu passaria toda a manhã na cama, mas não sozinha.
No domingo eu almoçaria alguma coisa bem gostosa e iria ao cinema a tarde. Tomaria um sorvete ou um café.
Ou então, clube pela manhã, muito sol, papo animado. Um cochilo comprido a tarde com direito a muito carinho, um banho a dois, jantarzinho e amor. Amor sem fim.
Ah, mas hoje eu estou me sentindo tão sozinha!

domingo, novembro 12, 2006

:)

Uma flor. Uma bem colorida, e um beija flor. Daqueles pequenininhos meio azulados.
Som de passarinhos e de água correndo. Árvores. Muitas.
E grama, mas daquelas que não pinicam.
Algumas borboletas amarelas e azuis.
Música. Musiquinha baixinha.
Umas crianças brincando perto de um laguinho.
Uma cesta de piquenique com muitas coisas gostosas.
Colo de mãe. Colo de filho.
Companhia de amigos. Sorriso.
Gargalhada. Chorar de rir. Férias.
I am feellin´ good!

domingo, novembro 05, 2006

por que as vezes, parece fazer sentido de novo...

De repente me veio o seu cheiro. Aquele que eu gosto tanto. O cheiro que você tem quando você chega. Na verdade, o cheiro do seu perfume. Um cheiro que vem de perto do seu pescoço. Esse cheiro me traz tanta coisa boa!!! E, sabe que pensando no cheiro do seu perfume, me veio agora o seu cheiro. O seu mesmo, o da sua pele. Um cheiro que nenhum outro ser humano tem. Um cheiro que eu seria capaz de farejar a metros, quilômetros, de uma forma totalmente animal, selvagem. O cheiro que tem suas costas quando depois e a sua bochecha quando antes.
E engraçado é que começam a me vir os seus cheiros sem parar... seus sons.
Eu conheço o cheiro do seu hálito, cheiro dos seus cabelos, das suas roupas, do interior do seu carro e até da sua casa.
Conheço o som de você dormindo, rindo, falando, resmungando, seus instrumentos, suas táticas, manhas e artimanhas.
Eu te conheço mais do que você pode imaginar. Eu sei o que você quer me dizer com suas meias palavras e atitudes disfarçadas. Te conheço muito melhor do que você pode imaginar

sexta-feira, novembro 03, 2006

Da série: Músicas que falam por mim...


Amor é um livro (um livro bom)
Sexo é esporte (é, eu diria que sim)
Sexo é escolha
Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
(..)
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão
Sexo é pagão
(...)
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval (seguuuuura mangueiraaaa!!!
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom...
Amor é do bem...
Amor sem sexo, É amizade
Sexo sem amor, É vontade
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes,
Amor depois
E tal e coisa... e coisa e tal!!!
Composição: Cilze Mariane Costa Honório, Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor

Aparentemente, para mim o sexo é vermelho e o amor é cor de rosa

segunda-feira, outubro 23, 2006

As mãos

Minhas mãos buscam seu corpo
Meus sonhos buscam suas taras
Meus pés seguem seus caminhos

Minha boca busca sua língua
Minha língua, a sua nuca
O meu faro busca o seu cheiro

Meu desejo, sua carne
Meu braço pede sua mão
Seu abraço, seu coração
Seu cabelo, sua barba

Quero te ter ao meu lado
Nesse dia, que já tarda
E amanhecer sem dormir
Te decorando, te velando
Sonhando com o que está por vir

terça-feira, outubro 17, 2006

trocaram

Quero saber quem foi e com que direito trocaram meus olhos???

Eu exijo uma explicação por que eu estava aqui o tempo todo e não autorizei ninguém a fazer isso.

Eu mereço satisfação uma vez que bem quietinha fiquei e não mexi com ninguém.

Meus olhos queridos que sempre enxergaram o que eu queria e como eu queria.

Bem os meus olhinhos obedientes que não ousavam olhar para o que não deviam.

Agora, vai. Me diga! O que que eu faço se eu continuo te olhando como sempre te olhei mas agora vejo alguma coisa além??

O que que eu posso fazer se eu olho igual, mas vejo diferente??

Por que é que eu sei exatamente pra o que eu olho e não tenho a menor idéia do que eu vejo??

Como é que isso pôde acontecer? Como mexem nos meus próprios olhos e eu não vejo nada?

A não ser que o problema não seja bem visual e sim no processamento das informações que meus olhos captam. É capaz que algum fio se soltou, ou que por algum motivo, algum fato acontecido, se deu um curto circuito e é por isso que, o que eu olho não corresponde ao que eu vejo.
Vai ver que o caminho que essa informação percorre dos olhos ao cérebro sofreu um desvio para obras e ela acabou sendo assimilada pela emoção.

É isso!! Só pode ser!! É que antes eu te via com os olhos e te enxergava com a razão; agora eu te olho com os olhos e te enxergo com o coração.

ah! se eu te pego...

Ah! Se eu te pego hoje...
Ah! Se eu te pego agora...
Bem agora que o que eu sinto transborda e não cabe dentro de mim.
Agora que eu acordei querendo mais do sonho da noite inteira.
Ah! Se eu não tivesse trabalho e responsabilidades. Ah! Se você também não os tivesse...
Eu passaria na sua casa agora e te seqüestraria, te levaria pra onde eu bem entendesse e faria com você o que me viesse à cabeça.
Ah! Hoje você não teria folga!
Ah! E você ia gostar! Hoje eu quero ser sua. Quero muito. Quero agora. Quero o dia inteiro. Quero mais. Quero o tempo todo.
Ah! Na hora em que eu te encontrar cada anjo desse universo vai me invejar. Cada amante vai querer o meu lugar. Ah! A hora em que eu te encostar...
E na hora em que eu enfim te beijar – com uma vontade acumulada de dias – aí, vão sair faíscas e meu corpo vai me agradecer, meu coração vai festejar e se tudo der certo, nós vamos nos entregar. Vamos nos render a nossos desejos que nos consomem as madrugadas. Que nos tiram o sono e nos trazem sonhos!
Ah! Se eu te pego agora!

quarta-feira, outubro 11, 2006

greve

Mas chega a ser difícil descrever o que eu sinto. Pode não ser fácil entender, mas o sentimento que mais me tira do sério é a frustração; E nenhum outro sentimento me representa melhor hoje .
Quando eu me proponho a fazer uma greve pra buscar um aumento razoável de salário, correndo o risco de me queimar no setor, de ter que pagar a greve com horas extras (sem contar o tanto que se gasta e engorda numa greve) eu quero voltar ao trabalho vitoriosa. Tá, que quase nunca a gente tem o aumento que queria, mas eles calam a nossa boca com besteirinhas como abonos salariais, um reajustezinho nos vales-refeição, uns diaszinhos de abono, 13º cesta alimentação... mas a gente ficar com todo o ônus e sair com um reajuste de 3,5% (menos de 1% real - tem 2,85% de inflação no ano) é no mínimo frustrante.
Eu vou voltar pro meu setor com a maior cara de tacho que ja houve, e vou falar pra minha chefe "eu tava faltando pra que nós pudessemos ter um aumento" e ela vai pensar "vc faltou 13 dias, deixou um monte de trabalho acumulado pra me voltar com 3,5% de aumento?? tenha paciência! pensei que vc era melhor!"
De novo eu termino a greve pensando "Maldita campanha unificada dos bancos!" e "eu vou deixar de ser sindicalizada, sindicatozinho de merda, vendido, bando de pelegos!"
Mais uma vez, questiono se meus planos de aposentar pelo banco não é uma ilusão idiota.
Cada vez mais me sinto incapaz de vestir a camisa.
Vamos estudar, meu povo! É a única solução.

a quatro mãos II - A missão

Devaneios em uma tarde de trabalho por notas pessoais, parte dois.

D - Tempestivamente, beijou minha boca sem que eu percebesse
D - Inesperadamente, fechou os olhos antes que chovesse
J - Luxuriosamente, desejou meu corpo como se não mais pudesse
J - Inadvertidamente, confessou seu amor por mim antes que o sol nascesse
D - Não importou-se se imoralmente me beijasse o corpo todo ardente
D - Não controlou-se e indecentemente me passava a mão incessantemente
J - Ignorou a presença de todos e me rasgou a roupa
J - Implorou minha língua em seu mamilo como louca
D - Silenciosamente me puxou e me implorou que eu a escondesse
D - DESPERCEBIDAMENTE se entregou esperando que eu a comesse
J - Sentiu seu sangue quente correr queimando em chama
J - E padeceu de prazer, esmoreceu descansando em sua cama
D - Insistentemente lembro dos momentos, lembro que gostei
D - Lembro da sua boca, de sua mão, do seu corpo, lembro que gozei.

terça-feira, outubro 10, 2006

"divagar, quase pairando"

Eu não consigo dominar meus pensamentos mas as vezes eu gosto de montar nele, mesmo assim sem rédea nem arreio. E aí eu começo a voar sem rumo por certos lugares até já imaginados, situações revividas. Também vou a lugares que eu não quero ir e encontro pessoas que eu não queria ver, por que ele me domina. Meu pensamento não é meu.

Mas também tem vezes que eu vou bem onde eu queria ir e encontro também as pessoas certas, mas não sinto o que eu queria sentir. Eu sinto diferente. As vezes com raiva, outras irritantemente paciente. Em algumas ocasiões com algumas milhares de borboletas voando dentro da minha barriga e eu não posso controlar por que minha imaginação não é minha. Ela não me pertence.

Mas eu pertenço a ela e ela faz de mim o que bem quer. Me faz rir sozinha até não poder mais pensando em coisas engraçadas e depois me faz chorar pensando numa triste e depois me incomoda até eu beirar a loucura com seus milhões de homenzinhos falantes que moram dentro da minha cabeça e nunca chegam a uma conclusão sobre nada e então ficam dando suas opiniões até eu finalmente conseguir pensar em outra coisa.

O que eu gosto mesmo é quando me surpreendo com pensamentos nunca antes imaginados e me deleito com eles!! Eu poderia morar ali, na minha imaginação pra sempre. Adoro os meus pensamentos sem noção. Adoro os que me fazem rir. Os que são totalmente longe da realidade. Os que tem tarjas pretas. Tarjas pretas de censura e os de advertência por que podem causar dependência química! Gosto tanto que não quero parar de pensar. Quero morar nesse meu mundo que eu construo todos os dias, onde eu também não tenho controle de nada, mas me divirto demais!!!

E os homenzinhos da minha cabeça continuam lá, falando, discutindo... Aliás, querem fazer o favor de sair daí ou de pelo menos me deixar aqui quieta e calar a boca que eu quero dormir?? Obrigada.

domingo, outubro 08, 2006

queria

Eu queria sentir você.
Em qualquer momento, agora, no meio de um monte de gente, eu queria sentir você.
Podia ser você me tocando, me beijando, me cheirando.
Queria sentir a sua mão apertando a minha.
Queria sentir você me apertando contra a parede e me tirando o fôlego. Sentir seu coração batendo junto com o meu.
Mas por enquanto eu só sinto a sua falta.

terça-feira, setembro 19, 2006

triste

Eu estou triste. Definitivamente estou. Com uma tristeza sem fim. Mas é sem fim e sem um começo também. Eu estou com uma tristeza despropositada. Sem pé nem cabeça. Mas é uma tristeza que não vai embora, que insiste.Eu fico triste por que tenho sono, mas não quero perder tempo dormindo. Fico triste por que eu não leio, mas não quero ficar acordada até tarde. Fico triste trabalhando onde eu estou, mas sei que não poderia ter um lugar melhor pra mim agora. Fico triste por ter que andar de metrô, mas não iria de carro pro trabalho, nem se eu tivesse um. Fico triste quando não saio com meus amigos, mas tenho uma vontade enorme de descansar. Fico triste por saber que preciso me afastar um pouco, sabendo que poucas coisas no mundo me dão maior prazer do que estar próxima. Fico triste por causa de um comichãozinho que me dá no peito quando eu penso em amor, mas sei que eu preciso matar o que eu sinto. Fico triste quando vejo que eu estou conseguindo matar o que eu sinto. Eu sinto uma saudade, talvez, dos planos loucos que eu fiz. Me sinto triste pela amizade que eu perdi. Triste pelas palavras mal trocadas. Bom dias amargos. Me entristece saber que meu nome gera sentimentos ruins nas pessoas, embora eu saiba que ele também gere bons sentimentos. Me dá preguiça ter que explicar o que eu sinto, o que eu quero dizer. Fico triste quando não me entendem. Tinham que me entender sem mesmo eu ter que falar, mas não, nem quando eu explico, quando eu detalho, não adianta, não entendem. Fico triste por que eu não emagreço nem com a dieta mais xiita que já se ouviu falar, mas nem cogito a possibilidade de fazer algum exercício físico. Fico triste quando eu estou num bad hair day, mas não quero fazer nada a respeito. Fico triste de ter a obrigação de me sentir feliz, afinal tenho uma casa, uma família feliz, meu empreguinho e saúde, mas eu não me sinto plena e realizada com isso. Mas não quero fazer muito esforço pra me sentir plena e realizada de qualquer forma... Fico triste de ter uma saúde de ferro e torcer pra pegar um rotavírus ou torcer um pé só pra faltar no trabalho e poder descansar em casa. Fico triste de ter que me preocupar com rugas, manchas na pele e articulações enferrujadas por causa da idade, mas o tempo é cruel e acelera cada vez que eu penso nisso. Me entristece até o fato de eu querer exatamente o único incenso que eu não tenho, dos milhões que eu tenho, pra poder tentar meditar. Me entristece a minha falta de concentração, não consigo nem meditar, bons tempos aqueles em que eu conseguia. Fico triste o tempo todo, fico triste quando eu percebo que não passa de estar contente cada sorriso que eu dou. Fico triste mais ainda de perceber que a minha tristeza está dentro e que não há nada de fora que cure. Eu só ficaria contente. Fico triste por não ter mais 17 anos, por ter alisado os meus cabelos que eram tão lindos enroladinhos, por não querer aprender nada da faculdade, por não caber mais naquela calça que nunca tive coragem de jogar fora por que era a calça do parâmetro, por não poder pensar em ninguém quando eu ouço uma música bonita ou vejo um céu com muitas estrelas, por ter pouco dinheiro, pouco tempo. E a minha tristeza não vai embora e quanto mais triste eu fico, mais triste eu fico. Eu estou presa aqui. Não tem saída. Não tem pé, não tem cabeça. Não tem início, não tem fim. Não tem por quê nem pra quê.

segunda-feira, setembro 11, 2006

E pra acabar com a verborréia de hoje...

Sempre esteve claro, mas eu nunca quis mesmo ver.
Estava claro quando era diversão pura, enquanto ninguém se envolvia. Estava claro quando saiu do controle e eu me envolvi. Vinha muito mais de mim, eu sei, esteve claro.
Estava claro quando você me queria por instinto e quando você se arrependia pela manhã.
Sim, sempre esteve claro pra que se - e somente se - eu quisesse, eu pudesse ver. Mas eu nunca quis.
Eu sim, deixei claro sempre tudo o que eu quis e senti. Fui sincera - como sempre sou - desde sempre. O problema é que isso assusta. As pessoas não sabem lidar com sentimentos de outras pessoas quando eles estão lá, sinceros e expostos.
Não é culpa de ninguém.
É como a situação evoluiu.
É a causa do silêncio e a conseqüência do erro. Do meu erro. O erro de me envolver.
Não há mais nada a ser fazer.
O que eu não queria ver ver foi aos poucos aparecendo de forma permanente na minha frente, sem a menor possibilidade de volta.
Agora, aprenda com isso, Juliana. Mais uma vez você tem essa chance. A chance de aprender. E agora? o que você vai fazer com ela, hein, Juliana?

A arte de ouvir um Não

Tem horas que tudo que a gente quer na vida é um sim! Ou vários Sins. A gente quer sim o tempo todo, mas às vezes vem um não. E eu tenho dificuldade em lidar com um não.
Por que, me diz, o que se faz com um não? Pior ainda é quando a gente ganha um não quando tinha certeza que lá ia sair um sim.
Eu posso aceitar um não, abaixar a minha cabeça, botar o rabinho entre as pernas e desistir.
Posso também fingir que não ouvi o não, e continuar insistindo.
Ou eu posso simplesmente não aceitar o não e lutar contra ele com todas as minhas forças, mas é bom que eu saiba que são raras as vezes que o não vira um sim. E que um não, às vezes quer dizer talvez, às vezes quer dizer até sim, mas na maioria absoluta das vezes quer dizer não mesmo.
Eu, definitivamente, preciso aprender a ouvir não, se eu não quiser continuar me machucando...
Não é não. E ponto final.

A arte de dizer não

Da forma como as coisas andam ultimamente, a gente passa a dar valor a umas coisas muito pequenas e aparentemente sem importância.
Nós precisamos, o tempo todo, ser aceitos na sociedade e para isso precisamos agradar. Agradar significa não contrariar. Não dizer não. Nunca dizer não. Por isso não se diz não. se diz "acho que não", "não sei", "não tô muito afim", "vamos ver".
Em qualquer relacionamento isso acontece. Patrão e empregado, entre namorados, amigos e amantes. O não é uma coisa muito forte. Um não finaliza o assunto, é um ponto final sem volta e por isso as pessoas evitam dizê-lo.
É triste. Um não quase sempre é triste. Por que tudo que acaba é triste.
Porém, o não é necessário. Sem o não, às vezes a gente não consegue deixar claro o que quer dizer.
Quando não é pra ser, não.
Quando não tô afim, não.
Quando por algum motivo eu não posso, não.
Eu preciso aprender a dizer não.

terça-feira, setembro 05, 2006

Queria ser amante

Andei pensando bastante sobre isso ultimamente. Como é bom ser amante. Ser amante no sentido literal da palavra: um ser que ama, que faz por prazer. E por que não também ser amante no sentido figurado (diria quase literal, literal e metaforicamente) que também é muito bom. Eu faço parte de uma comunidade do orkut (aquele lá mesmo) que tem esse título, "eu queria ser amante" onde discutimos as grandes vantagens e desvantagens do sobre esse tema, e chego a conclusão agora, que o grande lance é ser amante. Pode ser amante do próprio namorado desde que seja amante.
Todo mundo sonha um dia em ser (perceba que eu digo ser, e não ter) amante. Amante é o desejo adormecido dentro de cada um de nós... Ser amante rules!!! Vou citar uma resposta a um tópico do fórum, que vale a pena e ilustra bem esse meu desejo...

Se eu fosse amante... 15/07/2004 05:59 Amante sempre atende telefone com uma voz sedutora. Amante sempre deixa recados insólitos na caixa postal. Amante sempre, sempre leva pra comer em lugares exóticos (restaurante, por exemplo). O amante nunca vai te convidar pra sair numa sexta-feira, ou pra ir àquele show nojento cheio de meninos de 14 anos. O amante nunca vai te levar ao shopping no domingo em que você quer passar o dia na banheira. O amante vai te esperar no frio da madrugada até que você apareça, e nunca vai reclamar da sua demora. Ele não vai reclamar das suas estrias, nem vai discutir as contas a pagar. O amante no fundo, no fundo, queria que você o usasse sem dó, mas isso já seria pedir de mais. E o amante nunca pede demais...

Mas será pedir demais ser amante??? eu quero ser amante!!!!

Serve pra quem quiser que sirva, ok?

quarta-feira, agosto 30, 2006

Vou tirar você do dicionário

Eu vou tirar do dicionário a palavra "você"
Vou trocar-lá em miúdos
Mudar meu vocabulário e no seu lugar vou colocar outro absurdo
Eu vou tirar suas impressões digitais da minha pele
Tirar seu cheiro dos meus lençóis, o seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra nem que tenha que inventar outra gramática
Eu vou tirar você de mim, assim que descobrir com quantos "nãos" se faz um "sim"
Eu vou tirar o sentimento do meu pensamento sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento a qualquer momento, procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz dos meus ouvidos
Eu vou tirar você e eu de nós, o dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra nem que tenha que inventar outra gramática
Eu vou tirar você de mim, assim que descobrir com quantos "nãos" se faz um "sim"

Itamar Assumpção


PS. "Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui em quem fiz..."

segunda-feira, agosto 28, 2006

? quem?

Quanto do que eu escrevo vem de mim? Quanto do que eu escrevo vai pra você? E quanto vem dessa parte de mim que não sou eu? Que se monta de um jeito que eu sei que te agrada e se disfarça de mim mesma e escreve pra você?
Mas você, não o você de verdade, mas um você que eu criei, que é só meu, que vive só pra mim e me ama além de tudo e adora ler as coisas que eu mesma escrevo pra você!

sexta-feira, agosto 25, 2006

F.R.I.E.N.D.S

Eu tenho um amigo que é um amigo de verdade.
Desses que eu sei que vou levar pro resto da minha vida.
Desses que eu sei que posso contar em qualquer momento.
Desses pro qual também eu, vou estar disponível a qualquer hora, pra qualquer coisa.
Meu amigo já se divertiu - se diverte ainda - muito comigo.
Damos algumas boas gargalhadas juntos.
Eu já o vi chorar. Uma vez. Uma única vez. E esse fato definitivamente abalou as minhas estruturas, por que pra mim, ele nunca pode chorar.
Ele já me incentivou um bocado de vezes em um bocado de coisas. Ele cuidou e cuida de mim com um carinho que poucos têm.
Eu já ocupei noites e mais noites, ocupei ouvidos, ombros e colos com minhas choradeiras e lamentações, já desfiei um rosário inteiro de lágrimas esperando só que ele me dissesse "tá tudo bem, vai passar!". E muitas vezes ele o fez.
Só que a minha choradeira continuou e ele, talvez já cansado de me ver sofrer, me aconselhou a cair fora. Mudar o rumo dessa prosa, mudar os ares, os cheiros, os temas. Só que eu não fiz.
Eu desobedeci ao meu amigo querido. E desobedeci displiscentemente.
Desobedeci só porque eu ainda acredito no que eu sinto e acho ainda válido dar mais um tempo (quanto tempo for necessário até que eu ache que chegou a hora de eu cair fora).
Eu espero que você, meu amigo, me perdoe por isso. Desculpa por eu ser tão cabeça dura e só querer ouvir o que eu quero escutar.
Prometo que vou tentar não encher mais seus ouvidos com as minhas lamentações, quando eu estiver cabisbaixa, mas que vou me lembrar de comemorar com você quando estiver feliz.
Desculpa, amigo, por eu ser assim. Desculpa se eu te envergonho e se te deixo com raiva; tudo que eu ainda faço é movido por um sentimento muito grande, no qual eu ainda acredito.
E se no final das contas, mas final, final mesmo eu acabar quebrando a cara, eu espero poder contar com você e seus ombros pra eu poder chorar as minhas dores de amor.
Desculpa, obrigada e te amo.

quinta-feira, agosto 24, 2006

...

Em homenagem ao aniversário da minha queria tia Suzana vai uma frase do Nelson Carvalho (irmão do tio Ney) que uma vez ela me escreveu (no meu aniversário de 18 anos, há aguns poucos anos atrás) e que agora devolvo, com muito prazer.

"Terminantemente me oponho ao encarceiramento dos sonhos e à limitação da paixão"

Amém.

terça-feira, agosto 22, 2006

sssssshhhhhhhhh

O seu silêncio me incomoda. Me incomoda por que ele não me diz nada.
Por que tem uns silêncios que querem dizer tudo, que dão todo um significado pra determinadas situações, mas o seu silêncio não me diz absolutamente nada.
E o que é pior é que invariavelmente, quando nós dois estamos sozinhos, a situação nos leva a um silêncio sem fim, mas eu sei o que me faz ficar calada. Sei muito bem. Eu não quero que você fique constrangido com o que eu sinto, mais uma vez. Com esse amor com o qual você não tem idéia do que fazer. Um amor que você sabe que existe, pois eu mesma já te falei, mas que ouvir dele, ali, assim na sua cara te faz calar mais ainda. E eu não gosto do seu silêncio.
Mas o por que que você se cala quando estamos só nós dois é o que eu queria saber... Você tem também medo de falar? De dizer como se sente? Ou você não quer mesmo dizer nada? Não tem nada a me dizer no meu silêncio que me deixa surda?
Não me diz nada.
Nada.
Fale alguma coisa, peloamordedeus!!!

domingo, agosto 20, 2006

enquanto eu

Hoje, enquanto eu dormia, algumas pessoas já trabalhavam.
Enquanto eu acordava, algumas pessoas iam dormir.
Enquanto eu ia pro trabalho, eu olhei pela janela e vi um céu sem nuvens mas com uma grande camada de poeira no horizonte.
Enquanto eu tomava café, meu computador se inicializava.
Enquanto eu trabalhava, eu ouvia música.
Enquanto eu almoçava, eu conversava com meus amigos.
Enquanto eu bebia café, eu espantava o meu sono.
Enquanto eu voltava de metrô, eu escutava a conversa da família ao meu lado.
Enquanto eu comprava roupas, eu me sentia bem.
Enquanto eu estava no cinema, o São Paulo perdia a final da Copa Libertadores da América.
Enquanto eu escrevia um tanto de besteiras, meu pensamento não parou aqui.
Enquanto eu tentava dormir o meu sono fugia.
Enquanto eu sonhava, eu ainda não tinha dormido.
Enquanto eu lia, o sono chegou.

segunda-feira, agosto 14, 2006

uma história velha, mas nem tanto...

Minha cabeça se enche de pensamentos quando eu me deparo com a sua escova de dentes esquecida no armário do banheiro.
Penso mil coisas. Penso em como ela foi parar ali. Em que momento você achou necessário ter em minha casa uma escova de dentes. Se passou pela sua cabeça a freqüência com que ela seria usada ou durante quanto tempo ela seria útil esporadicamente.
Penso também em como ela está lá guardada e nenhuma das pessoas que usam esse banheiro e têm as suas próprias escovas penduradas nesse mesmo armário, nenhuma dessas pessoas sabe a quem a escova verde pertence. Só eu. Penso se os outros usuários do banheiro se indagam de quem seria aquela escova a mais que está ali pendurada.
Fico pensando se você se lembra que ela existe aqui. Se pensa em, de vez em quando, fazer em minha casa, a sua profilaxia dental.
As vezes penso se devo jogá-la fora ou guardá-la em outro lugar. Mas não. Por enquanto ela vai ficando por ali mesmo. Não sei se com uma ponta de esperança que você venha escovar os seus dentes em minha companhia ou se simplesmente como uma recordação de alguns momentos bons que tive ao seu lado. Não sei.
Mas por enquanto ela fica lá, verde, pendurada, com responsabilidades e compromentimentos demais para uma simples escova de dentes...

quarta-feira, agosto 09, 2006

muito, demais, mais do que cabe aqui

Eu sou demais. Não, não. Não me deu uma crise de auto-estima super elevada nem nada. Isso é apenas uma constatação.
É que eu sou empolgada demais. Eu espero demais. Conto demais com o sentimento dos outros. Sinto demais. Me apaixono demais. Amo demais. Sofro demais. Choro demais. Eu como demais. Engordo demais. Eu falo demais, céus como eu falo! Eu durmo demais e tenho sono demais. Eu quero demais, desejo demais. Eu me dedico demais. Muito mais do que mereciam.
Quando a gente faz tudo assim, exageradamente é um problema, por que nada nunca basta. Nunca você tem de volta o suficiente, por que se dá demais. Mais do que o normal. Mais do que pessoas comuns conseguem retribuir.
Injusto se eu exigir que alguém me ame como eu amo, por que é muito? Por que é demais?
Mas agora, eu decidi que também não vou ficar aí, vivendo de migalhas e restos. Não, sabe por que?
É que eu sou boa demais, mulher demais pra isso.
E já me cansei demais.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Humpf

Ah!!! Seu moleque! Isso lá é coisa que se faça? Eu sou uma mulher séria. Não sou qualquer menininha dessas suas aí, não. Trate de me levar a sério e não me fazer mais sofrer. Chega dessa brincadeirinha de você me dar um gostinho e na hora que eu quero mais você me cortar. Chega!!!
Vamos esclarecer uma coisinha aqui, de uma vez por todas. A parte que eu te amo você já conseguiu entender, né? E a parte que eu quero passar o resto da minha vida com você, captou? Tá, e a parte que eu te quero o tempo todo de uma forma louca, como nunca quis ninguém na minha vida, está claro?
Meu Deus!!! Então falta o que??? Pelo menos me diz o que tá faltando. Eu não posso mais ficar sem entender isso.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Futuro do pretérito. De um futuro mais que perfeito

Seria melhor do que tudo o que eu desejo! Escolheria com você os móveis da casa onde nós iríamos morar. E tiraríamos na sorte a cor dos estofados e a quantidade de cadeiras que teria a nossa mesa de jantar.
E faríamos um banheiro com duas pias e dois chuveiros – mas um bem pertinho do outro.
A nossa cama, teríamos que encomendar por que não seria num tamanho padrão. Nós dois não cabemos em uma cama padrão. Na verdade nós dois não cabemos em uma vida padrão. Nossa história nunca foi padrão, nunca foi reta.
Nós discutiríamos a respeito da raça do cachorro que iríamos comprar e no final, mudaríamos os dois de idéia. Teríamos logo dois cachorros. Ou três.
A nossa mudança, faríamos devagar que é pra gente não acabar tão cedo com essa sensação boa de coisa nova acontecendo o tempo todo.
Nós dormiríamos além da conta em nossa cama nova. Demoraríamos depois, no banho em nossos chuveiros especiais e nos atrasaríamos para o trabalho.
Passaríamos o dia inteiro com saudades um do outro e nos encontraríamos no começo da noite para comer alguma coisa e voltar para nossa casa.
Assistiríamos a um filme ou ouviríamos músicas boas, um muito perto do outro naquele sofá que mandamos trocar o estofado por aquele outro que combinava mais com a cor da madeira da estante.
Nos beijaríamos até a exaustão. Nos amaríamos como se fosse a primeira vez e dormiríamos, mais uma vez, além da conta na nossa cama fora dos padrões.

segunda-feira, julho 31, 2006

como tem passado? Vai bem?

JOSÉ
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?
E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?
Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?

domingo, julho 09, 2006

tarde de ano novo

Hoje eu bolei uma tarde especial pra nós dois. Não sei ainda se vai dar certo, mas se der vai ser bem legal.
Uma tarde qualquer de um dia útil. Uma tarde que – eu vou torcer – tenha muito sol. Uma tarde sem precedentes. Como esta nunca houve...
Seria assim: a gente se encontraria pelo caminho e seguiríamos juntos pra algum lugar que eu já pensei. Lá, iríamos conversar e rir muito. Contar coisas que só nós dois podemos saber e nos tornaríamos ainda mais cúmplices um do outro. A gente ia também comer alguma coisa bem gostosa. Comeríamos com a mão, que é muito mais legal e falaríamos com a boca cheia sem se preocupar com etiquetas.
Discutiríamos assuntos sérios e banais. Concordaríamos em alguns pontos e discordaríamos em outros tantos e morreríamos de rir mais uma vez da situação que se repete a cada encontro.
Nos recordaríamos de acontecimentos remotos de nossas vidas e contaríamos como se fossem eles fábulas.
Comentaríamos também fatos recentes e planejaríamos pequenos eventos futuros.
E nos entregaríamos como nunca antes. Você ia segurar o meu braço daquele jeito que eu não consigo me mexer e beijaria o meu pescoço. Depois nos beijaríamos até a exaustão e nos amaríamos de todas as formas que nos apetecessem. Depois descansaríamos, aninhados nos braços um do outro e nos despediríamos do ano acaba e que trouxe coisas interessantes, e saudaríamos o novo ano que chega para que nele, as coisas sejam inesquecíveis.

sexta-feira, junho 30, 2006

é assim

Tudo começa quando o fato de eu olhar nos seus olhos deixa de representar simplesmente isso. E nessa hora que eu quero sentir muito o seu cheiro e grudo no seu pescoço. Então a minha respiração já fica descontrolada e o coração descompassado. Na hora que eu agarro o seu cabelo, me arrasto na sua barba e mordo a sua orelha eu já posso sentir o sangue correndo nas minhas veias. Depois disso eu já não sei. A partir desse momento não tem como descrever. Talvez “entrega” seja a palavra. Talvez não. Talvez seja prazer puro e simples. Talvez não. Talvez a gente não queira que aquele momento acabe nunca. Talvez não. Mas quando tudo acaba, eu trocaria facilmente o meu reino pelo seu peso em cima de mim pra sempre. Daria a minha vida pela sua respiração e tudo do que eu pudesse dispor pra você dormir ao meu lado e me acordar amanhã.

quarta-feira, junho 28, 2006

braços destacáveis

De uma hora pra outra as coisas mudam de figura.
E o que antes não era, agora passa a ser.
O abraço é outro. O beijo é outro, a mão é outra, o braço é outro.
Tudo parece diferente e na verdade o é. E eu fico confusa e sem saber os limites do meu desejo.
Não sei se é isso mesmo o que eu quero. Mas eu sei que eu quero, eu quero muito. Quero a toda hora, mas será que é isso?
E quando longe, ainda assim eu quero. Só não quero mais do que quando eu sinto o seu cheiro e vejo a sua boca.
O cheiro não do seu perfume, que é bom, mas o cheiro da sua pele que me fascina. Me fascina mais ainda mais que o seu perfume.
Eu podia ficar ali, sentindo aquele cheiro por horas, mas você insiste em ir embora.
E cada vez que você vai embora mais eu penso como seria bom se fôssemos destacáveis, por que assim você levava o meu coração e deixava os seus braços pra eu me aninhar.
Mas a cada momento tudo muda e eu não sei o que esperar de daqui a pouco. O incerto me atrai como nunca e agora, nesse exato momento eu me encontro presa aos seus braços e seu cheiro, que vão dormir aqui comigo.

segunda-feira, junho 26, 2006

conversa fiada

Passava um pouco das 9 da noite naquela hora que eu abri a janela. Não agüentava mais de tédio e calor! Sentei naquela cadeira que esta um pouco bamba, com uns parafusos soltos, e fiquei ali, olhando pra fora e pensando.
Pensei um monte, sobre um monte de coisas. Pensei no trabalho, no cansaço e no tédio. Pensei no preço da gasolina – nossa, como tá caro – por que da janela dá pra ver um posto. Pensei em comida. Engordativa. Minha janela é iluminada diariamente pelos arcos da fortuna do Mc Donald´s.
Pensei na programação de TV aberta e me irritei, de novo, com a falta de opções. Por que não passa uma novela boa??? Ou então um filmezinho triste pra eu chorar? Mas nada... chorar mesmo só vendo as notícias das tragédias que agora acontecem no atacado. Mortos se contam aos milhares, prejuízos aos bilhões, uma coisa louca.
Mas daí deu um ventinho bom, tão fresquinho que eu me desliguei da TV e olhei para o tanto de luzes acesas nas casas vizinhas e fiz uma coisa que eu adoro. Comecei a tentar imaginar cada casa. Cada casa tem uma família – ou 1 pessoa – com interesses, felicidades, preocupações diferentes das minhas, mas ao contrário de mim, não tem mais ninguém na janela, olhando a toa.
Eu gosto de ficar pensando como cada pessoa sempre reage de maneira diferente a cada coisa que acontece.
Outra coisa que eu gosto é de olhar um ônibus cheio. Cada caboclinho que está ali dentro saiu de uma casa diferente, fez coisas diferentes, está pensando em coisas diferentes e indo cada um para um destino diferente. Uns para o trabalho – todos diferentes – outros para escola. Uns vão namorar, descansar, comprar, pagar. Isso é muito massa!!! Me fascina!!
E foi sem querer que eu pensei naquela boca, naqueles braços e naquelas mãos. Chega fechei os olhos e dei até um suspiro, mas quando eu abri o os olhos eu vi uma luzinha piscando. Me deu de novo aquela esperança que eu tenho todas as vezes que isso acontece, de que a luzinha fosse um disco voador.
Ah! Se fosse um disco voador eu ia ficar tão feliz. Tão absurdamente feliz!!! Ia confirmar que não é só isso. Que não acaba aqui. Que tem muito mais. Nossa! Eu ia ficar feliz!
Mas a luzinha era um avião que estava alto demais pra me fazer sentir qualquer coisa, até medo.
Agradeci a um Deus qualquer por ser um ser pensante e fechei a janela antes que meus pensamentos fossem todos de carona com o avião. E antes de entrar algum pernilongo no meu quarto.

terça-feira, junho 20, 2006

bom

Isso não pode. Tem que haver ética nas coisas.
Eu não posso sair por aí me apaixonando descriteriosamente. Tem que ter critério!
Mas é que ele me parece tão bom... por baixo daquela aparência frágil... Bom! E suas estórias... Bom! E do pouco que eu sei... Bom! Mas pode também ser tudo fruto da minha imunda imaginação, que – de novo – sem nada pra fazer fica imaginando sem escrúpulos e ... Bom!
É, pode até ser... mas é bom!

segunda-feira, junho 12, 2006

in-feliz dia dos namorados

Dia infeliz essa tal dia dos namorados...
Forma bruta de o comércio te convencer a se render a um padrão de sociedade que nem sempre lhe convém.
Forma cruel de a sociedade te lembrar que, ou você está como todos os outros casais no dia de hoje, feliz, fazendo um programa romântico, ganhando e dando presentes ou, por outro lado tendo a sua solidão esfregada em sua cara.
Não tem como disfarçar. Em qualquer outro dia do ano você não precisa necessariamente de um par para se divertir. Você pode comemorar o reveillon com seus amigos, o natal com seus parentes, seu aniversário com todos os seus conhecidos. Mesmo que você não tenha mãe, por exemplo, sempre vai ter uma tia ou uma avó para você comemorar com ela o dia das mães, mas esse infeliz dia dos namorados não tem como. Se você não tem um(a) namorado(a) você está fadado a passar sozinha(o) esta noite.
Sim, você verá seus amigos comemorando, as mulheres nos ônibus e nos metrôs carregando com dificuldade seus gigantescos buquês de flores. Na sua volta pra casa você vai passar por filas quilométricas em restaurantes e motéis e vai invejar aqueles casais felizes.
Sim, você sabe, já passou por isso afinal, que os namoros não são assim, toda essa maravilha, eles têm problemas. Você sabe que uma vez namorando, sempre vai querer um tempo sozinha(o) ou só com seus amigos. Sabe também que nada é tão chato quanto esperar em filas, mesmo sendo elas de restaurantes chiques ou motéis badalados. Mas hoje, sabe com toda certeza que depois de trabalhar o dia todo e chegar em casa cansada(o), ainda assim não vai conseguir fechar seus olhos e dormir pois esta noite a sua solidão vai te mahucar mais que nas outras. Sabe que hoje vai ser mais difícil dormir sozinha(o). Maldito. Infeliz dia dos namorados. Dia dos mau humorados.

segunda-feira, junho 05, 2006

rimando (?)

E é tão difícil acordar
Depois de uma noite mal dormida
Fritando nos lençóis da cama
De um lado para o outro
Sem parar de pensar.

Mas na hora devida
O despertador me tira dali
E me força a encarar a lida
Que começa mais um dia
Sem querer saber como eu dormi.

É duro abrir os olhos
E saber o que vem pela frente
Abro a janela, desligo o ventilador
Ligo a TV e tomo um banho quente
Que é pra ver se eu me animo

De banho tomado, agora tão fresquinha
A vontade é de deitar de novo
E dormir, por que o sono
Que fugiu de mim a noite toda
Agora teima em vir

Mas é preciso que eu vá
Tem café pra eu tomar
O ônibus pra eu pegar
Minhas coisas pra fazer
E há de dar tempo de voltar

Voltar e pensar em você
Olhando suas fotos e lendo suas cartas
Sentindo o seu perfume e
Ouvindo aquela música
Que um dia ouvi você me ofertar

Mas não adianta por que você está longe
O que eu queria era beijar a sua boca
Passar a mão no seu cabelo
E ouvir de você mesmo
Que nunca deveria ter ido.

Que se arrepende absurdo
Que desaprendeu a viver sem mim
Que não consegue passar pelo mundo
Nesse tormento sem fim
De viver na solidão, assim

Mas quando eu dou por mim
Estou de novo sozinha na cama
Com o pranto brotando no fundo
E explodindo pelos meus olhos
Rolando pelo meu rosto

As lágrimas escorrem como um rio
Que tem um leito certo
Mas na hora de desaguar
Não encontra o mar por perto
E fica perdido a esmo

Ciente da minha condição
Ponho-me a escrever
Somente coisas do coração
Até a minha mão doer
E chega. Hora de dormir

Tomo um comprimido (daqueles cor de rosa)
Podia ser até pra me alegrar
Mas eu nem espero tanto
Só quero dormir sem sonhar
E que amanhã seja mais fácil.

sexta-feira, junho 02, 2006

boca aberta

Os olhos semi-cerrados que imploram por prazer.
A boca semi-aberta roga por um beijo.
A mão crispada clama por apoio.
Meu coração aberto espera por você.
Meus olhos se fecham e minhas mãos agarram as suas.
E minha boca se abre.

quarta-feira, maio 31, 2006

vozes da minha cabeça

Como é que pode? Eu nesse silêncio sem fim e quase fico louca como barulho ensurdecedor que fazem as vozes da minha cabeça. Elas gritam, riem, choram e falam, como falam. São muitas e falam coisas controversas e me confundem. Não sei se devo ouvi-las. Poderia só escutar mesmo essa zoeira delas e não fazer nada, mas eu insisto em ouvi-las.

segunda-feira, maio 29, 2006

o gosto

Me dói pensar que às vezes já é tarde demais pra que algo seja feito. Não há o que mudar. Fatos são fatos e o que eu queria que acontecesse não passa de um filme produzido pela minha imaginação. Minha imunda imaginação. Tarde demais pra se voltar atrás mesmo quando o sofrimento é maior que o prazer.

Antes não tivesse eu provado o gosto doce da sua boca e o sabor inesquecível da sua carne. Agora me resta o amargo da sua ausência. O amargo da minha boca sozinha.

Mas nada vai mudar, nada adianta mais. Eu perdi.

Eu só queria saber se você tem noção do que você fez comigo, com o meu coração. Do que a gente poderia ter sido.

Mas é tarde demais e nem o que você sente eu vou poder saber agora. Amargo e dolorido
.

quinta-feira, maio 25, 2006

certidão negativa - com créditos

nego a ambição estelar
nego livros que ensinam a amar
nego sorrisos pela metade
nego de gente-bem a sociabilidade
nego selos presidenciais e reais
nego tudo que seja demais
(abro exceção ao macarrão)
nego tudo que for de menos
nego sentimentos serenos
nego meus medos
(tantos que não conto nos dedos)
nego médicos de branco
nego aos amigos meu pranto
nego dos felizes a sanidade
nego toda e qualquer verdade
nego declarações levianas
nego gosto de fome e bombas
nego a imensidão sideral
nego os anéis de saturno na vertical
(não sei do chão do universo)
nego o verso e o reverso

nego o teu design
nego aderir ao marketing
nego fazer merchandising
nego tua falta de feeling
nego-me a sofrer teu knock-out

nego as tuas respostas
nego todas estas bostas
nego que o mundo seja possível
(reconheço que sou irascível)

nego forma e conceito
pergunta-me, eu te nego
prefiro brincar de lego
não vou viver do teu jeito

Nelson Gesualdi

terça-feira, maio 23, 2006

instinto

Existe uma parte de mim que dói quando eu te vejo. Ela dói mais ainda quando eu te vejo e não posso te beijar.
Eu queria te beijar o tempo todo. O seu beijo é tão bom! A sua boca macia, sua língua quente, sua barba que me arranha. Sua mão que me segura com força. Seus braços que me apertam... Nós tínhamos que nos beijar toda vez que nos encontrássemos.
Eu não gosto de sentir o desconforto de não saber o que fazer com as mãos. De não saber que rumo dar para o meu olhar. De controlar meus instintos e não ir pra cima de você. O natural não é esse.

quarta-feira, maio 17, 2006

seu cheiro

De repente me veio o seu cheiro. Aquele que eu gosto tanto. O cheiro que você tem quando você chega. Na verdade, o cheiro do seu perfume. Um cheiro que vem de perto do seu pescoço. Esse cheiro me traz tanta coisa boa!!! E, sabe que pensando no cheiro do seu perfume, me veio agora o seu cheiro. O seu mesmo, o da sua pele. Um cheiro que nenhum outro ser humano tem. Um cheiro que eu seria capaz de farejar a metros, quilômetros, de uma forma totalmente animal, selvagem. O cheiro que tem suas costas quando depois e a sua bochecha quando antes.
E engraçado é que começam a me vir os seus cheiros sem parar... seus sons.
Eu conheço o cheiro do seu hálito, cheiro dos seus cabelos, das suas roupas, do interior do seu carro e até da sua casa.
Conheço o som de você dormindo, rindo, falando, resmungando, seus instrumentos, suas táticas, manhas e artimanhas.
Eu te conheço mais do que você pode imaginar. Eu sei o que você quer me dizer com suas meias palavras e atitudes disfarçadas. Te conheço muito melhor do que você pode imaginar

quinta-feira, maio 11, 2006

suspiro

Acabei de comer o melhor suspiro do mundo. Pode ser por que eu estou tentando – de novo – fazer dieta, mas foi, assim, como um néctar dos deuses. Sabe assim, aquele suspiro que tem uma casquinha fina e bem douradinha que quebra só com a intenção de seu dente morder? Então, era assim. E ele quebrava todo mesmo. Era até difícil de segurar. Chegou a cair um pedacinho no chão. Mas aí, depois da casca, ele era desses suspiros que ficam com um cremezinho dentro. Mas não era bem um merengue daqueles que a gente mastiga e fica meio puxando, meio chiclete, não. Era um creme mesmo. Por incrível que pareça não estava muito doce – o que é uma condição primordial para que eu goste de um doce – e no finalzinho vinha um gostinho de limão. Tenho que admitir que não consegui comer um só. Comi dois! E o segundo estava igualmente perfeito. Um suspiro que merece um suspiro. Que suspiro! Um suspiro de Vó. Da minha Vó. E foi bem ela mesma que fez, quando veio aqui em casa hoje pela manhã enquanto eu estava muito ocupada trabalhando e me estressando e não pude abraçar e beijar e cheirar o cangote dela e dizer que ela é uma vovozinha amada e que faz o melhor suspiro do mundo!

domingo, maio 07, 2006

Tudo parece vazio quando se faz comparação com o que já passou.

Lembranças...

De tudo, o que resta é memória.

Tantos dos meus amores que duraram para sempre e já passaram. Mas foram eternos! E estão na memória. Na lembrança e no nada.

No que já acabou, no que, sabe lá se ainda está por vir.

E volta a ficar oco e vazio.

E só

quinta-feira, maio 04, 2006

palavras

Olhar. Sorriso. Mão. Beijo. Abraço. Sofá. Tv. Cafuné. Braços. Carinhos. Cheiro. Beijo. Beijo. Tv. Conversa. Piada. Estórias. Atenção. Beijo. Cozinha. Coca-cola. Conversa. Tv. Risos. Risos. Beijos. Beijos. Calor. Ventilador. Beijos. Carinhos. Luz. Beijos. Carinho. Calor. Bom. Quente. Orelha. Beijos. Carinhos. Pé. Carinhos. Braço. Quente. Quente. Beijos. Cabelo. Beijos. Cheiro. Cheiro. Pescoço. Dente. Cheiro. Beijo. Carinho. Olho. Sorriso. Carinho. Risos. Barulhos. Silêncios. Quente. Beijos. Amor. Igual. Igual. Beijo. Beijo. Bom. Amor. Cabeça. Coração. Amor. Bom. Beijo. Carinho. Cafuné. Quente. Pesado. Bom. Beijo. Carinho. Sono. Cafuné. Encaixe. Braço. Travesseiro. Bom. Beijo. Sono. Sonho. Mão. Cabelo. Cafuné. Carinho. Carinho. Olhos. Olhos. Carinho. Quente. Ventilador. Sono. Sono. Sono. Despertador. Beijo. Sono. Olhos. Beijo. Roupas. Chaves. Porta. Portão. Carro. Farol. Escada. Banho. Cama. Caderno. Caneta. Travesseiro. Telefone. Sono. Amanhã.

domingo, abril 30, 2006

vou escrever

Acho que vou escrever uma poesia. Traduzir meus sentimentos em rimas e métricas. Vou rimar amor com dor, saudade com vontade e beijo com desejo.
Ou eu posso escrever de vez uma carta de amor onde eu te conto que meu amor é tão grande que de vez em quando dói. Que todos os dias eu acordo com saudade e durmo com vontade de você. E que sonho o tempo todo como seu beijo, o único remédio para o meu desejo.
Ou então vou te falar logo tudo que eu sinto. Assim, de uma vez só. Vou procurar o momento certo e te falar.

sábado, abril 29, 2006

copiado, com os devidos créditos

Minha vida tem um buraco que não sei de que é feito. Era para tudo ser muito fácil, mas eu encasquetei de fazer tudo do jeito mais difícil. Meu problema sou só eu. Não me odeie por eu ser assim. Eu tenho a culpa de todas as culpas e, as que não tenho, tomo para mim. Eu tenho crises de segunda a noite porque me dá um vazio de não me achar. Eu tenho crises de quarta porque me achei e não gostei. Tem quem me ache sublime por tão alegre e tão melancólica assim. Eu me acho insuportável. Ok, e ao mesmo tempo a pessoa mais legal do mundo.

Eu não gosto que me escolham caminhos e fico puta porque há um tempo tenho deixado a vida escolher. Eu tenho tudo e às vezes me sinto completamente sem nada só porque a chuva cai e o sol não brilha. E se brilha, tem o maldito tom de amarelo a que eu chamo de pureza. Que eu já não sei se sei distinguir. Eu tenho medo de crescer e ao mesmo tempo cresci rápido demais. Eu me afobo e paro. Mas quando paro, fico afobada, porque acho que o tempo passou e eu não fui junto.

Porque você gosta de mim? Você me perguntou e se perguntou isso em um recado de voz. Eu não sei responder. Você gosta de mim por tudo o que eu sou e por tudo o que eu não sou. E eu sofro, porque não sei ser não sendo. Não ser é ser sem escolher. E eu gosto de escolher, lembra?

De verdade? Não sei porque te falo tudo isso. Acho que quero te convencer de uma vez que eu sou louca para poder agir feito uma sem o medo de de repente você descobrir que eu sou louca e de repente não gostar mais de mim. Ou quero te convencer que não existe porque gostar de mim. Só porque sou louca.

Você me pediu para escrever um poema para você. Mas para escrever poema, tem um lado meu que precisa de férias dos dedos ávidos por palavras que façam sentido sem beleza. Porque, afinal, as vezes eu acredito em beleza, as vezes não.

Sabe porque eu não me encontro? Porque por definição eu sou contraditória e quem é contraditória não pode se definir. Se não me defino, não sei quem sou, não me encontro. Mas se deixo de ser contraditória, deixo de ser eu e, logo, também não me encontro.

Me explica, porque você encanou de me encontrar?
- Myla Verzola -

quantas

Quantas luas eu vi hoje nesse céu de estrelas que tremem e piscam e fogem dos meus dedos que as querem contar?
E quantos eram mesmo aqueles pássaros grandes e negros que planavam ao redor de uma torre alta como se hipnotizados ou atraídos por uma radiação ou um ímã?
Quantas pessoas vieram na direção contrária, como que peixes contra a correnteza do rio para desovar, na saída do metrô, quando uma onda de gente distraída e com pressa anda sem olhar para os lados?
Quantas, das milhões de vezes que o meu pensamento foi te buscar, ele te trouxe de volta ou pelo menos chegou em um momento em que você pensava em mim?

quinta-feira, abril 27, 2006

tão

Tão, tão absurdamente cansada. Tão absurdamente sozinha.
Eu poderia pedir alguma coisa pra alguém, mas quem?
Quem me alcançaria? E eu? Esperaria por alguém?
Hoje não dá. Hoje não.

segunda-feira, abril 24, 2006

espera

O tempo passa e você não vem. Demora e nunca vem. Quando sem você, o tempo não passa, o dia não anda, a chuva não cai, o sol não cessa.
Um minuto teima em virar três.
A música nunca acaba.
Tudo em looping. Outro dia começa e tudo parece igual e você não vem.
Os carros mal passam lá fora. E até o vento se recusa a ventar.
A espera angustiante quase me mata. Parece que passou um mês e você não vem. E o pior é que ainda é hoje e nada de você.
Meu calor aumenta, minha sede é infinita e eu preciso beber seu beijo, mas cadê? Você não chega nunca?
A casa é pequena, a cama desconfortável e nada de você pra eu me aninhar em seus braços. Onde está você?
Oba! Você chegou!

domingo, abril 23, 2006

ahhhhhh

Eu tento me distrair, fazer o meu pensamento mudar de direção. Tento fazer com que não doa tanto ou então se doer, que eu não dê tanta bandeira e mostre para todos o meu sofrimento banhando em lágrimas sem fim e que tem como preço a pena dos outros, o que faz ficar ainda pior.
Eu tento até não beber pra não ficar tão vulnerável aos meus sentimentos, mas a verdade espalhada por todos os lados e encenada a cada minuto, puxa o foco da minha distração e me sinto como se fossem facas sendo enfiadas no meu coração.
Eu sei que eu estou ficando chata, embora tente fazer com que minha tristeza não influencie minhas amizades, mas não sei mais o que fazer. Se eu fico protegida na mentira da minha casa, sozinha dói muito e se eu saio pra verdade exposta dói ainda mais. Eu sei que já passei por isso antes mas eu não lembro o que fazer...

De Babe Lavenère

Tenho a impressão de estar esquecendo alguma coisa. Quando eu sinto isso, olho minha bolsa, meu casaco, meus brincos grandes de sempre. Estão todos comigo. Mas a sensação de que alguma coisa ficou pra trás continua. Você sabe o que é sentir isso? Sabe quando está tudo certo e você sente que está faltando alguma coisa? Quando alguma coisa que não se sabe o que é está fazendo falta? Quando o ser e o estar, de alguma forma, parecem insuficientes? Vasculho a minha lembrança e o meu esquecimento. E eu com esse gosto doce na boca. E, no corpo, certo entorpecimento de ter te tocado a pele a noite inteira, ao mesmo tempo sinto essa tristeza da despedida. Tenho a impressão de ter esquecido meu coração na sua cama.

quinta-feira, abril 20, 2006

fotografia

A imagem já está registrada como uma fotografia que só eu posso ver. E talvez seja melhor assim mesmo porque nenhuma outra pessoa no mundo saberia dar o valor que essa imagem tem.
Talvez algum dia eu tire mesmo uma fotografia dessa cena, mas por enquanto ela é só minha, por que só eu sei o que eu sinto até que se chegue àquela situação e como eu me sinto depois.
Só vale pra mim.

quarta-feira, abril 19, 2006

presente de sábado

Como disse uma vez uma poetisa que eu tenho o prazer de conhecer, hoje amanheceu segunda feira. Mas não pra mim.
Era segunda feira para todos os outros e eles saíam pra trabalhar ou estudar, a maioria deles com aquela cara de segunda feira, aquela mistura de preguiça com ressaca...mas pra mim amanheceu sábado com um sol suave e uma brisa gostosa. E eu ainda ganho um presente. Um presente de sábado. Com aquele cheiro de sábado, cheiroso. Aquele som de sábado e aquela sensação que todo sábado sonha em proporcionar. E depois de um dia com a pele linda e o sangue fino eu anoiteci segunda feira. Anoiteci a melhor segunda feira dos últimos tempos.

terça-feira, abril 18, 2006

equação

Queria conseguir colocar em números o que eu sinto. Seria uma equação complicada, essa minha. Teria que somar animação e ansiedade, diminuir insegurança, multiplicar o carinho e o amor que eu tenho pra dar, elevar ao meu desejo e depois dividir pela raiz quadrada da diferença da minha culpa pelo meu cansaço. Considerando todas as chaves, colchetes e parênteses eu sei que o sinal do resultado ia ser positivo.
Ou então queria conseguir colocar em palavras os meus sentimentos. Seria um poema bem simples, ou uma crônica divertida. Dependendo da situação uma poesia rebuscada com palavras decifráveis só com ajuda do dicionário e dessas que a gente só entende depois de ler umas cinco vezes.
Ou, por último, eu poderia tentar colocar em gestos o que eu sinto. Seria muito carinho. Passar a mão no seu cabelo e na sua boca. Seria beijar a sua boca e te abraçar muito forte. Seria deitar de colher com você e não sair nunca mais de lá.

segunda-feira, abril 17, 2006

i´m miserable

Eu não posso negar que estou sofrendo. Não dá, por mais que eu não queira admitir, há em mim um corte profundo que sangra. Eu queria mesmo sofrer tudo de uma vez mas não consigo estancar meu sofrimento. O sangue brota do meu coração machucado e escorre pelo meu peito. Já tentei de várias formas acabar com isso. Eu já chorei, dormi, vomitei, me diverti, ocupei minha cabeça com outras coisas e até possíveis outros amores mas eu acabo sozinha sofrendo todas as noites.
Mas agora, eu acho, descobri o que me falta! Felicidade. A minha ou a sua. As duas juntas seria perfeito, mas se viesse uma só de cada vez já estava de bom tamanho. Eu preciso ser, ou que você seja feliz.

domingo, abril 16, 2006

Beiras!!!! 40 anos! vamos bebemorar!

É bem quando eu termino mais um copo de cerveja, aquele último que foi bebido mais rápido pra que eu – quem sabe embriagada- consiga me livrar um pouco da minha realidade.
A verdade me cutuca a toda hora, a realidade me atormenta e minha paciência vai queimando junto com o cigarro que descansa no cinzeiro cheio.
Eu não agüento mais esperar, não agüento mais as mesmas coisas e sentimentos. Não agüento mais as gargalhadas sinceras e os sorrisos falsos. Não agüento mais as contas divididas igualmente por quinze pessoas que no caminho pra casa vão estar falando mal umas das outras.
E eu não agüento mais dormir sozinha. Desce, então uma saideira, que essa eu vou virar.

sábado, abril 15, 2006

...

It still hurts...

quarta-feira, abril 12, 2006

boa viagem

Vai e leva contigo um pedaço do meu coração. Vai e me deixa aqui, sangrando, sem dó. Vai, que eu preciso aprender a viver sem você por aqui. Vai, que aqui quietinha eu vou ficar pensando em você. Vai, e lembra de mim enquanto estiver lá. Pensa no beijo. Vai com Deus e com cuidado e volta direitinho. Boa viagem!

a quatro mãos

Era bela a criatura que à noite eu conheci
Eram pretos seus cabelos que na noite eu não vi
Andando pelo breu em silêncio e tristemente
Não saberia o que estava por vir, de repente
Não saberia se era brisa ou tempestade
Se seriam boas intenções ou só maldade
Seus pensamentos desconexos
Seus sentimentos inquietos
Só lembrava o próprio nome que começava com C
Mas na verdade o desejo era de fato esquecer
Esquecer de tudo que a remeta àquela lembrança ruim
Só o fato de existir já lhe causava uma dor sem fim
Queria jogar-se em meus braços sem medo de cair
Seu semblante e seus traços pareciam mentir
Quando percebeu que nada haveria de mudar
Concluiu que não lhe restava nada senão se matar

domingo, abril 09, 2006

um brinde

Hoje, meus amigos, eu quero propor um brinde às coisas simples! Um brinde a um dia tranqüilo, a uma comida gostosa, a uma música que a gente não escuta há muito tempo. Queria brindar às crianças brincando até ficarem parecendo uns porquinhos felizes com as bochechas rosadas e as bocas lambuzadas de chocolate. Um brinde a uma cerveja bem gelada – brindemos com ela!
A um cafuné espontâneo, a um coração que dispara e dá frio na barriga. Vamos brindar aos bolos de chocolate e a um ou dois dias de saudade, não mais do que isso. Um brinde ao momento em que se mata a saudade e que se faz as pazes.
Um brinde a um beijo na boca bem dado, a uma noite bem dormida e a um sonho bom.

domingo

É no domingo que tudo fica pior por que sozinha eu sou todos os dias, mas no domingo eu sou mais. No domingo, o dia se arrasta. Parece que tudo fica mais preguiçoso, mais quieto e eu mais sozinha. No domingo eu não tenho saco, não tenho paciência. E sou mais sozinha.
Era pra ser no domingo que eu passaria toda a manhã na cama, mas não sozinha.
No domingo eu almoçaria alguma coisa bem gostosa e iria ao cinema a tarde. Tomaria um sorvete ou um café.
Ou então, clube pela manhã, muito sol, papo animado. Um cochilo comprido à tarde com direito a muito carinho, um banho a dois, jantarzinho e amor. Amor sem fim.
Ah, mas hoje eu estou me sentindo tão sozinha!

sábado, abril 08, 2006

lua vermelha

Deito com as pernas encolhidas e os pés pra fora do cobertor. Os livros na cômoda estão implorando para serem lidos. Muitas informações empilhadas. Mas eu não tenho tempo de ler. Preciso escrever, assistir a alguma notícia e dormir.
Meu travesseiro, baixo demais na minha opinião, precisa da ajuda de uma grande almofada no formato de uma lua vermelha pra sustentar a minha cabeça repleta de pensamentos. Pensamentos aleatórios, pensamentos sem fim. A televisão joga informações necessárias em meus ouvidos e eu não consigo entender nada. Só os pensamentos ocupam a minha cabeça pesada apoiada na almofada de lua em cima do travesseiro. Com minhas pernas encolhidas e os pés pra fora do cobertor.

quarta-feira, abril 05, 2006

sono

Eu preciso dormir pra ver se acabo com esse meu sono sem fim.
Mas bem agora que eu enfim me deito, meus pensamentos não se aquietam. Eles pulam dentro da minha cabeça e obrigam a minha mão buscar a caneta pra escrever coisas sem nexo.

terça-feira, abril 04, 2006

nada

Está errado! A frase correta não é “eu não tenho medo de nada” na verdade Nada me amedronta, me apavora, me entedia e perturba.
Não sei se é pior, mas tão ruim quanto Nada é a perspectiva de Nada. Que angústia que dá! Que desespero se nada acontecer. Nada acontece e nada parece querer acontecer.
Eu preciso de sentimentos, de acontecimentos. Tenho muito o que fazer! Tenho ainda muito amor profundo pra dar, muito carinho pra receber. Tenho horrores pra estudar e muito mesmo pra aprender. Mas e se nada acontecer? O que eu faço com todo o amor que eu tenho, que eu definitivamente não economizei e por isso sobrou, mas que brota de mim como que água da fonte? Como eu vou conseguir fechar meus olhos, esvaziar a minha mente e dormir se nada me deixar receber carinho? E se por causa de nada eu não estudar? Como é que eu vou fazer pra aprender?
O que eu faço com esse tanto de energia parada em mim? Eu sou geradora de energia, se encostar em mim uma lâmpada, ela acende. Estou radioativa e perigosa!
Em qualquer momento esse marasmo vai provocar um vazamento de energia e vai acabar assustando muita gente, causando uma tragédia, destruição em massa.Eu vou logo me preocupar comigo, antes que nada aconteça.

segunda-feira, abril 03, 2006

assim sou eu

Assim sou eu. Dormindo espalhada na cama e de meias coloridas, sem roupa nenhuma pra não me enforcar e com três cobertores pra não congelar.

Assim sou eu. Trabalhando até um pouquinho mais tarde pra descansar e ouvindo uma música bonita pra desestressar.

Assim sou eu. Escrevendo sem pensar, lendo sem chorar e dormindo sem sonhar.

Assim sou eu. Procurando alguém pra amar, mas sem querer me esforçar, nem a minha vida mudar.

Assim sou eu. Que espero você me ligar e nem vejo o tempo passar se estamos a nos beijar.

Assim sou eu. Dormindo. Trabalhando. Escrevendo. Procurando. Beijando.

sexta-feira, março 31, 2006

renuncia

Hoje não existe nada mais entre nós
Somos duas almas que se devem separar
O meu coração vive chorando e minha voz
Já sofremos tanto
Que é melhor renunciar
A minha renúncia
Enche-me a alma e o coração de tédio
A tua renúncia
Dá-me um desgosto que não tem remédio
Amar é viver
É um doce prazer, embriagador e vulgar
Difícil no amor é saber renunciar

Roberto Martins - Mário Rossi

é que "certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim, que perguntar carece: como não fui eu quem fiz????" Milton Nascimento

segunda-feira, março 27, 2006

já me matei...

já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma
morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

Paulo Leminski

sábado, março 25, 2006

noite longa

Naquele dia ela pensou nele um pouco mais do que pensava normalmente.
Em alguns momentos chegou a sentir seu cheiro. Noutros sentiu seu gosto.
Ela estava lá, pensando em alguma coisa qualquer e de repente – PÁ – lá estava ele no seu pensamento.
Pensou nos seus olhos e como eles invariavelmente fogem dos dela.
Pensou muito na sua mão grande e bonita e forte e no seu braço que ela adora.
Pensou nas suas costas, nos seus pés, nos seus cabelos, barbas e bigodes.
As vezes tinha até certeza das reações que ele teria diante de algumas situações.
Pensou na voz dele. Na diferença de tom de quando ele falava de uma coisa qualquer pra quando ele sussurrava no seu ouvido.
Ela pensou como seria bom se ele estivesse ali por algumas horas do seu dia.
Pensou se ele também estaria pensando nela. Se estaria se lembrando de seu gosto, do cheiro, do cabelo, corpo, mãos, pés...
Pensou se ele em algum momento do seu dia cogitou sua presença. Ou se ele pelo menos quis falar com ela só pra ouvir sua voz.
Ela sabia, tinha consciência de que podia ser tudo coisa apenas de sua cabeça. Que ele poderia ter passado todo o dia ocupado com outras coisas e pessoas e não ter sequer passado seu pensamento por ela.
Sabia também que a qualquer momento ele poderia não mais voltar; o que de certo não a faria morrer mas fatalmente a deixaria muito triste.E naquele dia, depois de muito tempo, ela achou a sua cama grande demais, o tempo frio demais e a noite longa demais

quinta-feira, março 23, 2006

de onde voce vem

De onde foi mesmo que você veio? Até onde eu consigo me lembrar estava tudo certinho, cada coisa em seu lugar, meu coração tranqüilo e meus sentimentos adormecidos. Mas eis que você se materializa e me tira do meu lugar, desperta os sentimentos mais bem guardados e bagunça tudo. Pra todo mundo.

Mas aí, você vai embora e eu consigo começar a organizar a bagunça que você deixa e nessa hora eu juro que nunca mais abro essa porta pra você entrar. E eu conseguiria, se dois minutos depois você não viesse com as palavras mais doces e os sentimentos mais sacanas me levar mais uma vez. Me diz, de onde você vem?

coração bobo

É como uma flor que se abre depois de uma chuva forte. É assim que o meu coração aprende as coisas. Ele precisa de uma tempestade, de uma paulada na cabeça. Precisa ficar perdido, desnorteado, sem chão. Necessita de dor e solidão e então, de repente vem uma calmaria, uma tranqüilidade e meu coração fica sereno e a partir daí ele começa a assimilar as informações com mais facilidade e então, somente a partir desse momento eu passo a aproveitar realmente a situação.

bom

Eu gosto tanto de te saber aqui por exemplo, numa segunda feira de manhã. É tão bom conversar horas de besteira com você nas posições em que acomodamos mais esdruxulamente as nossas pernas. E você esticar um pouquinho o seu braço e brincar com um carrinho esquecido embaixo da cama enquanto eu carinho as suas costas. E te beijar e começar tudo outra vez, sem pressa. Observar suas mãos, encaixar os meus pés nos seus, fazer amor até cansar. Tomar um banho e voltar pra cama. Sem pressa. E pensar em como você não tem noção de como eu me sinto ao te beijar no meio de um supermercado com desejo suficiente pra te amar para o resto de minha vida.

quarta-feira, março 22, 2006

confissão

Não cabe mais dentro de mim, não dá mais pra segurar. Quero falar sobre o que eu sinto. Quero falar pra você, pra que você saiba. Não quero nada de volta. Não tenho nenhuma pretensão de ter de volta o que eu sinto por você, mas as vezes eu queria mesmo que você soubesse.
Soubesse do quanto te amo. Quanto a sua presença me alegra. Quanto a sua existência me conforta.
Queria te contar que com o que eu sinto hoje eu viveria o resto dos meus dias ao seu lado. Que o meu amor é suficiente pra agüentar os trancos de uma convivência maior.
Queria olhar nos teus olhos e propor cuidar de você até que acabe esse amor louco que eu sinto. Te dizer que a qualquer hora eu estarei aqui, disponível. Te dizer que quero passar com você os seus melhores momentos. Que quero te ajudar nos seus piores. Dizer que quero construir com você uma vida cheia de prazer.
Eu quero dizer, chuchu, que eu te amo com toda a força do meu coração.

quero colo

Hoje eu quero colo. Hoje eu preciso de carinho. Hoje eu queria contar tudo o que me aconteceu e me tirou do sério pra alguém que me entendesse. Pra alguém que soubesse exatamente pelo que eu estou passando. Alguém que já passou pelo que eu passei.
Hoje eu merecia cafuné. Por muito tempo. Cafuné caprichado com música bonita. Cafuné com carinho.
Hoje eu merecia beijo na boca. Beijo na boca caprichado. E com carinho. Pra tirar minha cabeça do meu dia e me transportar pra uma noite nova.
Hoje eu merecia uma noite nova, recém começada. Sem nenhum pensamento que atrapalhe.
Hoje eu merecia deitar aqui e dormir. Mas merecia dormir ao seu lado, com a sua respiração na minha nuca e suas pernas no meio das minhas. Mas não vai acontecer.
E isso é só mais uma coisa que não vai acontecer. Por que o fato é que eu vou terminar essa noite insone, sem cafuné e beijo na boca e sozinha na cama.
E durma com um barulho desses.

domingo, março 19, 2006

o chuveiro feminista

Tinha acabado de desligar o chuveiro quando o telefone tocou. Até chegou a pensar se deveria ou não correr, mas vislumbrou a possibilidade de uma pneumonia ou de se estatelar pelada no caminho da cozinha, que era onde ficava o telefone mais próximo, e acabou desistindo da ligação. Quem quer que fosse deixaria um recado na secretária eletrônica se fosse realmente importante.
Mas o telefone tocou só duas vezes e parou. Não teve recado na secretária. Ela então, começou a se enxugar e a arrumar o seu cabelo dentro de um turbante de toalha pra poder secar melhor. Chegou a cogitar a possibilidade de buscar o telefone sem fio na sala, mas resolveu que não. Ela ia terminar o seu banho primeiro, depois pensaria em telefonemas.
Desde que o chuveiro de seu banheiro queimou, ela teve que vir tomar banho no banheiro social – já tinha uns 15 dias que ela só tomava banho lá – e ela percebeu que seu namorado, ou ex ou sei lá o que ele era, fazia mais falta do que ela imaginava.
Mas foi ela mesma que num ataque de feminismo resolveu dar cabo daquele relacionamento de quase um ano. E bem logo ela, a feminista, estava ali pensando na necessidade de um homem pra se arrumar um chuveiro.
O fim do namoro se deu quando Paulo, mais uma vez, gentilmente resolveu pagar a conta do restaurante onde eles comeram um delicioso risoto de camarão com direito a vinho importado e sobremesa flambada na mesa por aquele mâitre com um falso sotaque francês. Acontece que era a comemoração do primeiro salário que ela tinha recebido depois de ter sido promovida no escritório onde trabalhava, e ela fazia questão absoluta de pagar a conta. Ele por sua vez, muito cavalheiro, diga-se de passagem quis pagar o jantar como uma espécie de presente.
Bastou ele entregar ao garçom sorridente o seu cartão de crédito para que ela começasse a levantar todas as questões e bandeiras do feminismo, falando que ele estava tentando se sentir superior, desvalorizar o salário dela, se impor diante dela, e coisa e tal. Começou a fazer um discurso tão grande que Paulo chegou a afastar a vela que estava na mesa pra que ela não resolvesse queimar o seu sutiã.
Ela saiu batendo o pé, se recusou a entrar no carro dele e pagou, com seu próprio dinheiro o táxi pra casa. E pronto. Fim.
Paulo ligou ainda na mesma noite umas oito vezes e ela não atendeu, mas depois de três dias ela acabou topando se encontrar com ele, mas eles não conversaram sobre o fim do relacionamento em nenhuma ocasião. Em todos os encontros, desde então, eles só faziam sexo e ela fazia questão de mandá-lo embora antes que quisesse começar a falar.
O telefone tocou de novo e dessa vez ela correu pra atender, mas já sabia quem era. Paulo a convidou pra sair. Ela terminou de se arrumar – caprichou horrores.
Mas só que dessa vez, diferente de todas as outras, o sexo foi ruim.

Por que ela não conseguia parar de pensar no chuveiro quebrado. Pensava se pedia penico e implorava desculpas pelo seu rompante de feminismo e pedia ajuda no chuveiro, ou se simplesmente perguntava o telefone de um eletricista – droga, será que é um bombeiro hidráulico?
Bom, ela resolveu fazer as pazes, Paulo arrumou o chuveiro e agora cada vez um paga a conta dos lugares onde eles vão. E eles tomam banhos juntos no chuveiro arrumado, sem machismo e sem feminismo.

sábado, março 18, 2006

não

Não. Não são lágrimas. Meus olhos estão assim, cheios d’água por causa da poeira que você deixou pra trás na hora que foi embora e não olhou pra o que estava sendo deixado.
Não. Não é febre. Minhas mãos estão suadas de ansiedade e de dúvida se você volta pra segurá-las.
Não. Não é frio. Eu estou tremendo desse jeito por que meu desejo transborda.
Não. Eu não estou rouca. É só um nó na minha garganta que me impede de falar o que eu sinto.
Não. Eu não estou cansada. Minha respiração está assim, ofegante por que eu lembrei de você num momento que me exige mais fôlego.
Não. Eu não estou com medo. Meu coração está batendo forte assim porque eu te amo.

conversa com um interlocutor imaginário

Podia mesmo era estar chovendo e assim o calor ia diminuir. Porque, sinceramente, não tem graça nenhuma esse calor de nada. Só de quente.

Se estivesse chovendo aí eu podia mesmo era estar morrendo de calor, mas calor de bom. De tesão. Calor de dar vontade de tirar a roupa e ir correndo pra debaixo da chuva e, de repente, até ficar por lá mesmo até baixar o fogo...

E então com o calor já aumentado pelo contato incessante com o seu corpo e depois abrandado pela chuva eu podia muito bem sentir um pouco de frio e enroscar as minhas pernas nas suas por baixo do edredom.

E com as pernas emboladas, a gente podia ficar bem quietinhos, sem falar palavra, se possível sem nem respirar por que assim eu ia conseguir ouvir o som do prazer terminando de passear por nossas correntes sangüíneas e podia prestar bem atenção e sentir o cheiro da adrenalina, misturada com o do seu suor, e do meu e o do incenso que eu acendi antes.

E daí, a gente podia, depois disso, dormir ou ler ou só ficar ali mesmo, daquele jeito sem ter que dar satisfação pra ninguém, sem precisar ajustar o despertador e nem pensar nos compromissos que cada um tem amanhã.

E quando estivermos bem quentinhos e já quase nos entregando ao sono, alguém ia ter uma idéia de uma brincadeira bem legal, e aí a gente ia brincar e brincar até ninguém agüentar mais o edredom na cama e eu ia sair atrás de um ventilador e uma garrafa de água gelada.

E quando a gente dormisse, podíamos sonhar com amenidades ou coisas desconexas. Nada que faça nenhum sentido. E eu não sonharia com você, e nem você comigo. Teríamos o sono dos justos e dormiríamos até o sono acabar.

Um banho, um copo de café ou de leite com nescau e vamos embora, cada um para sua vida sem precisar de maiores despedidas ou de combinar nada porque a gente sabe que os nossos corpos vão - de novo – se atrair como ímã tão logo sintamos calor novamente. Ou, a chuva caia.

quarta-feira, março 15, 2006

CORAGEM

O tempo falta. E se tivesse mais tempo, talvez me faltasse energia. E se tivesse energia, talvez me faltasse vontade. E se tivesse vontade, talvez me faltasse coragem. E se eu tivesse coragem, talvez eu quisesse ter menos tempo.
Na realidade a vontade é que o tempo pare, congele em um momento bom. Assim, o resto do tempo seria uma fotografia de um sorriso, de um céu bem bonito ou do meu filho dormindo, tocando ou brincando com aquela carinha de anjo que veio cuidar de mim.
Mas o tempo congelado podia também ter som. De chuva caindo no telhado, de riso de criança, ou de uma gargalhada bem dada, mesmo. Ou até trilha sonora. Podia ser violões, bandolins, violinos, flautas e contrabaixos. Umas pessoas cantando. O meu filho inventando uma música em uma língua desconhecida.
Cheiro também seria bom! Cheiro de chocolate derretendo. Ou cheiro de chuva molhando a terra seca há mais de dois meses, ou de grama recém cortada ou aquele cheirinho que todo bebê tem e que o meu filho aos pouquinhos está perdendo e trocando por um outro cheiro bem diferente, porém igualmente bom. Cheiro que eu vou me lembrar para o resto da minha vida.
Por que, infelizmente o tempo não se congela e essas coisas boas vão acabar em algum momento deixando de estar presentes e se transformando em simples lembranças. Lembranças muito boas.
Por isso eu queria que o tempo parasse. Porque eu não tenho coragem, nem vontade, nem energia e muito menos tempo para aproveitar da forma como eu deveria as coisas que – eu sei – vão acabar como lembranças.