segunda-feira, abril 23, 2007

não são lágrimas

Não. Não são lágrimas. Meus olhos estão assim, cheios d’água por causa da poeira que você deixou pra trás na hora que foi embora e não olhou pra o que estava sendo deixado.

Não. Não é febre. Minhas mãos estão suadas de ansiedade e de dúvida se você volta pra segurá-las.

Não. Não é frio. Eu estou tremendo desse jeito por que meu desejo transborda.

Não. Eu não estou rouca. É só um nó na minha garganta que me impede de falar o que eu sinto.

Não. Eu não estou cansada. Minha respiração está assim, ofegante por que eu lembrei de você num momento que me exige mais fôlego.

Não. Eu não estou com medo. Meu coração está batendo forte assim porque eu te amo.

quando dói o coração

Quando dói o coração, todo o corpo dói.

Por que permitimos que as pessoas entrem assim tão dentro da gente a ponto de sairem carregando um pedaço de nós quando partem? Por que nos damos tanto nos entregamos tanto, nos deixamos tanto em mãos não tão cuidadosas dos nossos sentimentos?

Deveríamos aprender a ficar na margem, olhando de longe a paisagem calma e nos satisfazer dessa visão, como quem se fascina com uma miragem. Mas não nos satisfaz olhar. Humanos que somos, precisamos absolutamente sentir, ao risco de nos afogar... e mergulhamos inteiramente.

E, vida afora, vamos mergulhando em promessas de amor eterno, felicidade infinita e mar de rosas. Não nos questionamos sobre probabilidades de perdas e decepções, pois só de pensar já é doloroso.

Dói... dói... dói e dói!... Mas isso não vai nos impedir de continuar, não vai nos impedir de viver. Pedaços de nós são ainda partes de nós e ninguém disse que precisamos chegar à velhice inteiros e sem marcas.

Isso é vida!!! Não desistir, manter-se de pé, doendo, mas de pé, cabeça erguida na direção do desconhecido e peito cheio de esperança que a próxima vez será diferente.

Grandes artistas obtiveram o melhor das suas obras nos grandes momentos de aflição e dor. Faça o mesmo: Mostre o que de grande há em você tirando partido das suas decepções!

Construa-se!!!

Tenha em mente que não é você que não foi digno daquele amor, mas aquele amor que não foi digno de você. E se faz parte da vida caminhar entre flores e espinhos, não se esquive do caminho.

Caminhe!!!

Amanhã talvez seja diferente. E talvez não. Mas entre as subidas e descidas,você vai ter sobrevivido. E vai ter, sobre tudo, vivido.

(Letícia Thompson).

terça-feira, abril 03, 2007

real

Ao sentimento que é uma coisa abstrata.
Talvez abstrata demais.
Sentimento pra ser sentido.
Sentimento pra ser dito, escrito, ouvido, lido, gritado aos quatro ventos.
Sentimento que transborda.
Sentimento sem pra quê. Nem por quê.
Sentimento que gera dúvida, gera culpa, gera pena.
Sentimento que faz sentir como não devia. Que faz sentir não tanto quando devia.

Sentimento abstrato.
Sentimento que se mostra. Que se mostra em atitudes, se mostra em gestos, presentes, presenças, preocupações.
Sentimento que se esconde com medo de outros sentimentos. Medo da falta de sentimentos. E se poda.
Sentimento de esperança. Já sem esperança. De ser real.
Uma realidade abstrata. Abstrata demais, talvez.
E cheia de sentimentos. Que transborda de realidade. Realmente abstrata.
Realmente sentimental. Realmente real. Palpável.
Toque real. Toque com sentimento. Toque com sentimento real. Mas que é real.
Real por que acontece de verdade.

E é de verdade.
E se baseia num sentimento de verdade.
Abstrato, mas real. Na realidade, abstrato e de verdade.
Real. É assim que é. Real.