quinta-feira, setembro 20, 2007

olhos fechados

Meus olhos estavam bem abertos e eu ia vivendo as coisas da vida sem esperar por nada. Aí, ele veio e me beijou de brincadeira. E eu fechei os olhos e aproveitei o beijo. Quando eu abri meus olhos eu já esperava por ele e queria sempre que ele chegasse.

Meus olhos estavam bem abertos e eu enxergava uma situação que todos me avisavam não ser boa, mas que, aos meus olhos, tinha um grande potencial. Mesmo quando os meus olhos se enchiam d’água. Então eu fechei os olhos. Essas lágrimas escorreram e eu esperei o melhor.

E aí, os meus olhos estavam bem abertos e eu me vi cercada de amigos, bons amigos, que me ajudavam, me faziam companhia, me ouviam e concordavam comigo. Foi quando veio a porrada pelas costas e eu fechei os olhos. Fechei os olhos pra não ver de onde vinha aquele golpe. Pra não entender porque ela estava ali. Deixei os olhos fechados pra não sofrer. E daí, eu abri os olhos. E quando eu olhei, vi a bagunça que estava feita. Vi um grande amor em pedacinhos, sangrando muito. Vi uma amizade verdadeira virando pó. E vi muito mais gente envolvida com a situação do que era realmente necessário.

E então, eu deixei os meus olhos abertos. Bem abertos. Eu precisava olhar tudo direito, analisar a situação sem água nos olhos, pra saber pra onde seria o meu próximo movimento. Assimilei tudo o que eu precisava com os meus olhos abertos e depois fechei. Fechei meus olhos pra pensar bastante. E deixei assim, meus olhos fechados por alguns instantes. Respirei fundo. Engoli amargo. Me vesti da melhor super-herói que encontrei dentro de mim e abri meus olhos de novo.

E quando abri, eu vi que meus grandes amigos continuavam ali. Que novos grandes amigos podem chegar a cada minuto. Gostei disso que eu vi. Mas vi também que apesar de as cicatrizes já não doerem mais tanto assim, elas trazem a lembrança do sofrimento e que elas ficam ali pra isso mesmo. Sofrimento a gente não pode esquecer. A gente aprende e guarda, mas não esquece. Vi também que um amor e duas amizades destruídas abalam a estrutura de qualquer ser humano. Mas de tudo, o mais importante que eu vi, foi que eu permaneço de pé e com os olhos bem abertos. E sem nenhum medo de fechá-los novamente.