sexta-feira, junho 30, 2006

é assim

Tudo começa quando o fato de eu olhar nos seus olhos deixa de representar simplesmente isso. E nessa hora que eu quero sentir muito o seu cheiro e grudo no seu pescoço. Então a minha respiração já fica descontrolada e o coração descompassado. Na hora que eu agarro o seu cabelo, me arrasto na sua barba e mordo a sua orelha eu já posso sentir o sangue correndo nas minhas veias. Depois disso eu já não sei. A partir desse momento não tem como descrever. Talvez “entrega” seja a palavra. Talvez não. Talvez seja prazer puro e simples. Talvez não. Talvez a gente não queira que aquele momento acabe nunca. Talvez não. Mas quando tudo acaba, eu trocaria facilmente o meu reino pelo seu peso em cima de mim pra sempre. Daria a minha vida pela sua respiração e tudo do que eu pudesse dispor pra você dormir ao meu lado e me acordar amanhã.

quarta-feira, junho 28, 2006

braços destacáveis

De uma hora pra outra as coisas mudam de figura.
E o que antes não era, agora passa a ser.
O abraço é outro. O beijo é outro, a mão é outra, o braço é outro.
Tudo parece diferente e na verdade o é. E eu fico confusa e sem saber os limites do meu desejo.
Não sei se é isso mesmo o que eu quero. Mas eu sei que eu quero, eu quero muito. Quero a toda hora, mas será que é isso?
E quando longe, ainda assim eu quero. Só não quero mais do que quando eu sinto o seu cheiro e vejo a sua boca.
O cheiro não do seu perfume, que é bom, mas o cheiro da sua pele que me fascina. Me fascina mais ainda mais que o seu perfume.
Eu podia ficar ali, sentindo aquele cheiro por horas, mas você insiste em ir embora.
E cada vez que você vai embora mais eu penso como seria bom se fôssemos destacáveis, por que assim você levava o meu coração e deixava os seus braços pra eu me aninhar.
Mas a cada momento tudo muda e eu não sei o que esperar de daqui a pouco. O incerto me atrai como nunca e agora, nesse exato momento eu me encontro presa aos seus braços e seu cheiro, que vão dormir aqui comigo.

segunda-feira, junho 26, 2006

conversa fiada

Passava um pouco das 9 da noite naquela hora que eu abri a janela. Não agüentava mais de tédio e calor! Sentei naquela cadeira que esta um pouco bamba, com uns parafusos soltos, e fiquei ali, olhando pra fora e pensando.
Pensei um monte, sobre um monte de coisas. Pensei no trabalho, no cansaço e no tédio. Pensei no preço da gasolina – nossa, como tá caro – por que da janela dá pra ver um posto. Pensei em comida. Engordativa. Minha janela é iluminada diariamente pelos arcos da fortuna do Mc Donald´s.
Pensei na programação de TV aberta e me irritei, de novo, com a falta de opções. Por que não passa uma novela boa??? Ou então um filmezinho triste pra eu chorar? Mas nada... chorar mesmo só vendo as notícias das tragédias que agora acontecem no atacado. Mortos se contam aos milhares, prejuízos aos bilhões, uma coisa louca.
Mas daí deu um ventinho bom, tão fresquinho que eu me desliguei da TV e olhei para o tanto de luzes acesas nas casas vizinhas e fiz uma coisa que eu adoro. Comecei a tentar imaginar cada casa. Cada casa tem uma família – ou 1 pessoa – com interesses, felicidades, preocupações diferentes das minhas, mas ao contrário de mim, não tem mais ninguém na janela, olhando a toa.
Eu gosto de ficar pensando como cada pessoa sempre reage de maneira diferente a cada coisa que acontece.
Outra coisa que eu gosto é de olhar um ônibus cheio. Cada caboclinho que está ali dentro saiu de uma casa diferente, fez coisas diferentes, está pensando em coisas diferentes e indo cada um para um destino diferente. Uns para o trabalho – todos diferentes – outros para escola. Uns vão namorar, descansar, comprar, pagar. Isso é muito massa!!! Me fascina!!
E foi sem querer que eu pensei naquela boca, naqueles braços e naquelas mãos. Chega fechei os olhos e dei até um suspiro, mas quando eu abri o os olhos eu vi uma luzinha piscando. Me deu de novo aquela esperança que eu tenho todas as vezes que isso acontece, de que a luzinha fosse um disco voador.
Ah! Se fosse um disco voador eu ia ficar tão feliz. Tão absurdamente feliz!!! Ia confirmar que não é só isso. Que não acaba aqui. Que tem muito mais. Nossa! Eu ia ficar feliz!
Mas a luzinha era um avião que estava alto demais pra me fazer sentir qualquer coisa, até medo.
Agradeci a um Deus qualquer por ser um ser pensante e fechei a janela antes que meus pensamentos fossem todos de carona com o avião. E antes de entrar algum pernilongo no meu quarto.

terça-feira, junho 20, 2006

bom

Isso não pode. Tem que haver ética nas coisas.
Eu não posso sair por aí me apaixonando descriteriosamente. Tem que ter critério!
Mas é que ele me parece tão bom... por baixo daquela aparência frágil... Bom! E suas estórias... Bom! E do pouco que eu sei... Bom! Mas pode também ser tudo fruto da minha imunda imaginação, que – de novo – sem nada pra fazer fica imaginando sem escrúpulos e ... Bom!
É, pode até ser... mas é bom!

segunda-feira, junho 12, 2006

in-feliz dia dos namorados

Dia infeliz essa tal dia dos namorados...
Forma bruta de o comércio te convencer a se render a um padrão de sociedade que nem sempre lhe convém.
Forma cruel de a sociedade te lembrar que, ou você está como todos os outros casais no dia de hoje, feliz, fazendo um programa romântico, ganhando e dando presentes ou, por outro lado tendo a sua solidão esfregada em sua cara.
Não tem como disfarçar. Em qualquer outro dia do ano você não precisa necessariamente de um par para se divertir. Você pode comemorar o reveillon com seus amigos, o natal com seus parentes, seu aniversário com todos os seus conhecidos. Mesmo que você não tenha mãe, por exemplo, sempre vai ter uma tia ou uma avó para você comemorar com ela o dia das mães, mas esse infeliz dia dos namorados não tem como. Se você não tem um(a) namorado(a) você está fadado a passar sozinha(o) esta noite.
Sim, você verá seus amigos comemorando, as mulheres nos ônibus e nos metrôs carregando com dificuldade seus gigantescos buquês de flores. Na sua volta pra casa você vai passar por filas quilométricas em restaurantes e motéis e vai invejar aqueles casais felizes.
Sim, você sabe, já passou por isso afinal, que os namoros não são assim, toda essa maravilha, eles têm problemas. Você sabe que uma vez namorando, sempre vai querer um tempo sozinha(o) ou só com seus amigos. Sabe também que nada é tão chato quanto esperar em filas, mesmo sendo elas de restaurantes chiques ou motéis badalados. Mas hoje, sabe com toda certeza que depois de trabalhar o dia todo e chegar em casa cansada(o), ainda assim não vai conseguir fechar seus olhos e dormir pois esta noite a sua solidão vai te mahucar mais que nas outras. Sabe que hoje vai ser mais difícil dormir sozinha(o). Maldito. Infeliz dia dos namorados. Dia dos mau humorados.

segunda-feira, junho 05, 2006

rimando (?)

E é tão difícil acordar
Depois de uma noite mal dormida
Fritando nos lençóis da cama
De um lado para o outro
Sem parar de pensar.

Mas na hora devida
O despertador me tira dali
E me força a encarar a lida
Que começa mais um dia
Sem querer saber como eu dormi.

É duro abrir os olhos
E saber o que vem pela frente
Abro a janela, desligo o ventilador
Ligo a TV e tomo um banho quente
Que é pra ver se eu me animo

De banho tomado, agora tão fresquinha
A vontade é de deitar de novo
E dormir, por que o sono
Que fugiu de mim a noite toda
Agora teima em vir

Mas é preciso que eu vá
Tem café pra eu tomar
O ônibus pra eu pegar
Minhas coisas pra fazer
E há de dar tempo de voltar

Voltar e pensar em você
Olhando suas fotos e lendo suas cartas
Sentindo o seu perfume e
Ouvindo aquela música
Que um dia ouvi você me ofertar

Mas não adianta por que você está longe
O que eu queria era beijar a sua boca
Passar a mão no seu cabelo
E ouvir de você mesmo
Que nunca deveria ter ido.

Que se arrepende absurdo
Que desaprendeu a viver sem mim
Que não consegue passar pelo mundo
Nesse tormento sem fim
De viver na solidão, assim

Mas quando eu dou por mim
Estou de novo sozinha na cama
Com o pranto brotando no fundo
E explodindo pelos meus olhos
Rolando pelo meu rosto

As lágrimas escorrem como um rio
Que tem um leito certo
Mas na hora de desaguar
Não encontra o mar por perto
E fica perdido a esmo

Ciente da minha condição
Ponho-me a escrever
Somente coisas do coração
Até a minha mão doer
E chega. Hora de dormir

Tomo um comprimido (daqueles cor de rosa)
Podia ser até pra me alegrar
Mas eu nem espero tanto
Só quero dormir sem sonhar
E que amanhã seja mais fácil.

sexta-feira, junho 02, 2006

boca aberta

Os olhos semi-cerrados que imploram por prazer.
A boca semi-aberta roga por um beijo.
A mão crispada clama por apoio.
Meu coração aberto espera por você.
Meus olhos se fecham e minhas mãos agarram as suas.
E minha boca se abre.