segunda-feira, novembro 05, 2007

12 de outubro

Era a festa.
A do 12.
12 de Outubro.
De 2007.
Uma festinha bacana, com alguns amigos.
Uma festa em uma cidade histórica. Bonita, linda!
Uma casa cheia. Bem cheia. Não era bem assim, lotada, mas com bastante gente.
O quarto lotado. Esse sim, lotado! Muito divertido!
A cerveja gelada. Muito gelada. O tempo todo gelada! E disponível sempre.
Muitos sorrisos e gargalhadas sem fim.
O esforço de se descer uma ladeira “daquelas” pra tomar o café da manhã - a única refeição do dia pra grande parte de nós - e mais meio quilo de coxinhas pra agradar os que ficaram lá em cima, era invariavelmente recompensado com uma cerveja trincando de gelada.
Tudo bem que fosse 8:45 da manhã! O sol tava forte e a garganta seca da “escalada”. A cerveja era merecida e nunca é cedo demais!
E assim começava mais um dia do churrasco eterno que é a festa do 12;
Uma música ao fundo que algumas vezes agradava, outras não, mas que tornava o ambiente pra lá de caseiro.
Um leve cheiro de carvão indicando que daqui a pouco seríamos servidos de alguns pedaços de carne pra salgar o nosso estômago e nos salvar de uma bebedeira ainda maior.
Muitos amigos. Amigos velhos e amigos novos. Meros conhecidos que em pouco tempo já estávamos convidando para nossa casa e que sabemos, por que a história já mostrou, ficam mesmo como amigos na nossa vida.
Os anfitriões tão cuidadosos. E que mesmo assim, não deixaram de se divertir por nem um minuto. Até mesmo varrer a casa às 7 da manhã parecia um grande barato.
As garrafas amigas e as inimigas... e as conseqüências delas.
As malas prontas pra irem embora.
Uma sensação ruim de dizer tchau pra quem vai ainda antes da nossa festa terminar.
O muro de engradados no qual a gente subia pra fotografar quem escalava a ladeira daquela igreja rumo à rodoviária. Aquele último tchauzinho que era muito dolorido pra quem ficava lá, ainda cercado dos amigos, mas que era pior ainda pra quem já partia pra vida real...
O carnaval combinado, o 12 do ano que vem já marcado e a nítida certeza que eu dividi com vocês a melhor festa da minha vida!
O churrasco eterno inesquecível!!

quinta-feira, setembro 20, 2007

olhos fechados

Meus olhos estavam bem abertos e eu ia vivendo as coisas da vida sem esperar por nada. Aí, ele veio e me beijou de brincadeira. E eu fechei os olhos e aproveitei o beijo. Quando eu abri meus olhos eu já esperava por ele e queria sempre que ele chegasse.

Meus olhos estavam bem abertos e eu enxergava uma situação que todos me avisavam não ser boa, mas que, aos meus olhos, tinha um grande potencial. Mesmo quando os meus olhos se enchiam d’água. Então eu fechei os olhos. Essas lágrimas escorreram e eu esperei o melhor.

E aí, os meus olhos estavam bem abertos e eu me vi cercada de amigos, bons amigos, que me ajudavam, me faziam companhia, me ouviam e concordavam comigo. Foi quando veio a porrada pelas costas e eu fechei os olhos. Fechei os olhos pra não ver de onde vinha aquele golpe. Pra não entender porque ela estava ali. Deixei os olhos fechados pra não sofrer. E daí, eu abri os olhos. E quando eu olhei, vi a bagunça que estava feita. Vi um grande amor em pedacinhos, sangrando muito. Vi uma amizade verdadeira virando pó. E vi muito mais gente envolvida com a situação do que era realmente necessário.

E então, eu deixei os meus olhos abertos. Bem abertos. Eu precisava olhar tudo direito, analisar a situação sem água nos olhos, pra saber pra onde seria o meu próximo movimento. Assimilei tudo o que eu precisava com os meus olhos abertos e depois fechei. Fechei meus olhos pra pensar bastante. E deixei assim, meus olhos fechados por alguns instantes. Respirei fundo. Engoli amargo. Me vesti da melhor super-herói que encontrei dentro de mim e abri meus olhos de novo.

E quando abri, eu vi que meus grandes amigos continuavam ali. Que novos grandes amigos podem chegar a cada minuto. Gostei disso que eu vi. Mas vi também que apesar de as cicatrizes já não doerem mais tanto assim, elas trazem a lembrança do sofrimento e que elas ficam ali pra isso mesmo. Sofrimento a gente não pode esquecer. A gente aprende e guarda, mas não esquece. Vi também que um amor e duas amizades destruídas abalam a estrutura de qualquer ser humano. Mas de tudo, o mais importante que eu vi, foi que eu permaneço de pé e com os olhos bem abertos. E sem nenhum medo de fechá-los novamente.

quarta-feira, agosto 22, 2007

nada

Está errado! A frase correta não é “eu não tenho medo de nada” na verdade Nada me amedronta, me apavora, me entedia e perturba.
Não sei se é pior, mas tão ruim quanto Nada é a perspectiva de Nada. Que angústia que dá! Que desespero se nada acontecer. Nada acontece e nada parece querer acontecer.
Eu preciso de sentimentos, de acontecimentos. Tenho muito que fazer! Tenho ainda muito amor pra dar, muito carinho pra receber. Tenho horrores pra estudar e muito mesmo pra aprender. Mas e se nada acontecer? O que eu faço com todo o amor que eu tenho - que eu definitivamente não economizei e por isso sobrou, mas - que brota de mim como que água da fonte? Como eu vou conseguir fechar meus olhos, esvaziar a minha mente e dormir se nada me deixar receber carinho? E se por causa de nada eu não estudar? Como é que eu vou fazer pra aprender?
O que eu faço com esse tanto de energia parada em mim? Eu sou geradora de energia, se encostar em mim uma lâmpada, ela acende. Estou radioativa e perigosa!
Em qualquer momento esse marasmo vai provocar um vazamento de energia e vai acabar assustando muita gente, causando uma tragédia, destruição em massa.
Eu vou logo me preocupar comigo, antes que nada aconteça.

sábado, julho 28, 2007

ninguém entenderia

Ninguém entenderia. Nem se eu explicasse. Nem se eu fizesse gráficos e desenhos, apresentasse estatísticas e planos para o futuro. A única pessoa que sabe o que eu sinto sou eu. Só eu sei da agonia que eu sinto, do meu medo, da minha vontade. Só eu sei o quanto a minha consciência me reprime e o quanto a minha lucidez me incomoda.
Como alguém poderia entender que hoje, a dança intermitente de três sinais de trânsito me trouxe de volta de um devaneio louco que eu tive pensando em você?

domingo, julho 22, 2007

acho que vou escrever

Acho que vou escrever uma poesia. Traduzir meus sentimentos em rimas e métricas. Vou rimar amor com dor, saudade com vontade e beijo com desejo.
Ou eu posso escrever de vez uma carta de amor onde eu te conto que meu amor é tão grande que de vez em quando dói. Que todos os dias eu acordo com saudade e durmo com vontade de você. E que sonho o tempo todo como seu beijo, o único remédio para o meu desejo.
Ou então vou te falar logo tudo que eu sinto. Assim, de uma vez só. Vou procurar o momento certo e te falar.

terça-feira, julho 03, 2007

shame on me

Pena! Pena de você que deixou passar. Pena por não ter tido coragem de arriscar. Tá, que podia mesmo não ter dado certo... mas agora, nós nunca vamos saber. Pena de você ter tanta preguiça de se mexer, de sair do seu lugar, dessa sua zona de conforto, quando até o próprio conforto chega a ser questionável. Pena que seu coração não bate no mesmo compasso do meu.
Uma pena! De repente foi na hora errada e só! Cedo demais, será? Deveríamos nós já estar mais bem resolvidos? Livres das nossas amarras, com os nossos corações sem feridas abertas e apenas cicatrizes que ensinam, educam...
Ou quem sabe tarde demais? De repente é isso mesmo. O que a gente sentiu foi só um vento forte que chegou até abalar as nossas estruturas, mas que depois que passou, nossos alicerces se mostraram estar firmes e fortes. Pena!
Pena que eu te beijei com os meus olhos tão fechados. Tão fechados que não pude perceber que o sentimento só ia e nunca voltava. Pena que a minha vontade de ficar com você era tão grande que chegava a ser maior que os indícios de que nunca passaria daquilo que nós já tínhamos. Pena eu ter me enchido tanto de esperanças.Me dói pensar que nós deixamos passar um amor tão verdadeiro

segunda-feira, julho 02, 2007

a música

Enquanto eu tiver o seu sorriso ao chegar, eu não vou parar de chegar.
Enquanto eu puder te ver dormir, eu não vou te acordar.
Enquanto você fizer de mim inspiração, eu não vou te atrapalhar.
Enquanto eu sentir o meu sangue ferver quando eu encostar em você, eu não vou me afastar.
Enquanto você me der tanta paz, desiste, eu não vou te dar paz!

quinta-feira, junho 28, 2007

igual

Todo dia era sempre a mesma coisa. Aquela rotina batida, vida automática. O que mais me angustiava nem era a rotina em si, mas a falta de perspectiva de mudança. O medo de nunca, nada se tornar diferente. Mas acontece, que eu também tinha medo de mudar. Eu tinha tanto medo de mudança que comprava sempre o mesmo xampu, o mesmo creme, o mesmo perfume, as mesmas calcinhas na mesma loja. Quando ia para o seu trabalho, entrava todo dia no mesmo vagão do metrô. Encontrava lá as mesmas pessoas, o que a fazia crer que não era só eu que fazia as coisas do mesmo jeito sempre. O mesmo café da manhã, o mesmo almoço, as mesmas piadas, as mesmas conversas. O mesmo trabalho, discussões e brigas. A volta pra casa igual. O banho igual e o sono igual. Ela chegou a sonhar igual. Tudo igual.
Mas aí, tudo mudou.

segunda-feira, junho 25, 2007

Post # 100

Existe uma parte de mim que dói quando eu te vejo. Ela dói mais ainda quando eu te vejo e não posso te beijar.
Eu queria te beijar o tempo todo. O seu beijo é tão bom! A sua boca macia, sua língua quente, sua barba que me arranha. Sua mão que me segura com força. Seus braços que me apertam... Nós tínhamos que nos beijar toda vez que nos encontrássemos.
Eu não gosto de sentir o desconforto de não saber o que fazer com as mãos. De não saber que rumo dar para o meu olhar. De controlar meus instintos e não ir pra cima de você. O natural não é esse.

quarta-feira, junho 20, 2007

chuveiro feminista

Tinha acabado de desligar o chuveiro quando o telefone tocou. Até chegou a pensar se deveria ou não correr, mas vislumbrou a possibilidade de pegar uma pneumonia ou de se estatelar pelada no caminho da cozinha, que era onde ficava o telefone mais próximo, e acabou desistindo da ligação. Quem quer que fosse deixaria um recado na secretária eletrônica se fosse realmente importante.
Mas o telefone tocou só duas vezes e parou. Não teve recado na secretária. Ela então, começou a se enxugar e arrumar o seu cabelo dentro de um turbante de toalha pra secar melhor. Chegou a cogitar a possibilidade de buscar o telefone sem fio na sala, mas resolveu que não. Ela ia terminar o seu banho primeiro, depois pensaria em telefonemas.
Desde que o chuveiro de seu banheiro da suíte queimou, ela teve que vir tomar banho no banheiro social – já tinha uns 15 dias que ela só tomava banho lá – e ela percebeu que seu namorado, ou ex ou sei lá o que ele era, fazia mais falta do que ela imaginava.
Mas foi ela mesma que num ataque de feminismo resolveu dar cabo daquele relacionamento de quase um ano. E bem logo ela, a feminista, estava ali pensando na necessidade de um homem pra se arrumar um chuveiro.
O fim do namoro se deu quando Paulo, mais uma vez, gentilmente resolveu pagar a conta do restaurante onde eles comeram um delicioso risoto de camarão com direito a vinho importado e sobremesa flambada na mesa por aquele mâitre com um falso sotaque francês. Acontece que era a comemoração do primeiro salário que ela tinha recebido depois de ter sido promovida no escritório onde trabalhava, e ela fazia questão absoluta de pagar a conta. Ele por sua vez, muito cavalheiro, diga-se de passagem, quis pagar o jantar como uma espécie de presente.
Bastou ele entregar ao garçom sorridente o seu cartão de crédito para que ela começasse a levantar todas as questões e bandeiras do feminismo, falando que ele estava tentando se sentir superior, desvalorizar o salário dela, se impor diante dela, e coisa e tal. Começou a fazer um discurso tão grande que Paulo chegou a afastar a vela que estava na mesa pra que ela não resolvesse queimar o seu sutiã.
Ela saiu batendo o pé, se recusou a entrar no carro dele e pagou, com seu próprio dinheiro o táxi pra casa. E pronto. Fim.
Paulo ligou ainda na mesma noite umas oito vezes e ela não atendeu, mas depois de três dias ela acabou topando se encontrar com ele, mas eles não conversaram sobre o fim do relacionamento em nenhuma ocasião. Em todos os encontros, desde então, eles só faziam sexo e ela fazia questão de mandá-lo embora antes que quisesse começar a falar.
O telefone tocou de novo e dessa vez ela correu pra atender, mas já sabia quem era. Paulo a convidou pra sair. Ela terminou de se arrumar – caprichou horrores.
Mas só que dessa vez, diferente de todas as outras, o sexo foi ruim. Ela não conseguia parar de pensar no chuveiro quebrado. Pensava se pedia penico e implorava desculpas pelo seu rompante de feminismo exacerbado e pedia ajuda no chuveiro, ou se simplesmente perguntava o telefone de um eletricista – droga, será que é um bombeiro hidráulico?
Bom, ela se despiu dos seus conceitos pré-formados, percebeu que as relações são mesmo feitas dessas pequenas necessidades e dependências e que isso não desmerece ninguém. Ela resolveu fazer as pazes, Paulo arrumou o chuveiro (ele mesmo, embora tenha levado um pequeno choque sem maiores conseqüências) e agora cada vez um paga a conta dos lugares onde eles vão. E eles tomam banhos juntos no chuveiro arrumado, sem machismo e sem feminismo.

segunda-feira, junho 18, 2007

quanto muda?

Quanto da vida de uma pessoa muda logo após cada coisa? Cada fato?

Que diferença faz um trabalho bem feito? E um mal feito?

O que acontece depois de uma briga? De uma decepção?

Depois de um carinho? Uma noite mal dormida? Ou depois de uma boa noite de sono? Depois de momentos de diversão? De prazer intenso?

O que acontece depois que a gente perde alguém? E quando a gente ganha ele de volta? E se for outro? E se nunca for outro? E quando a gente ganha outra pessoa?

Quando a gente come alguma coisa gostosa? Quando a gente ganha um presente? Quando deixa de experimentar alguma coisa ou alguém?

Quando a gente sonha? Quando a gente não sonha? O que muda? E quando a gente fica quietinho pensando? O que muda quando a gente vê um filme bom? E um filme ruim?

E quando a gente passa a manhã toda na cama sozinha? E quando a gente está acompanhada? E quando está bem acompanhada?

O que muda quando eu escrevo? Leio? Opino? Penso? Escuto? O que muda quando eu aprendo? Quando eu engordo? Emagreço? Disfarço minhas imperfeições? Disfarço? Finjo sentir o que eu não sinto?

O que acontece quando eu me reprimo? E quando eu reprimo os outros? E quando eu me frustro?

Por que tanto muda em mim quando cada uma dessas coisas acontece? E o que é isso que muda?

quinta-feira, junho 07, 2007

post triste recolocado, por conta de pessoa tristes...

Eu estou triste. Definitivamente estou. Com uma tristeza sem fim. Mas é sem fim e sem um começo também. Eu estou com uma tristeza despropositada. Sem pé nem cabeça. Mas é uma tristeza que não vai embora, que insiste.Eu fico triste por que tenho sono, mas não quero perder tempo dormindo. Fico triste por que eu não leio, mas não quero ficar acordada até tarde. Fico triste trabalhando onde eu estou, mas sei que não poderia ter um lugar melhor pra mim agora. Fico triste por ter que andar de metrô, mas não iria de carro pro trabalho, nem se eu tivesse um. Fico triste quando não saio com meus amigos, mas tenho uma vontade enorme de descansar. Fico triste por saber que preciso me afastar um pouco, sabendo que poucas coisas no mundo me dão maior prazer do que estar próxima. Fico triste por causa de um comichãozinho que me dá no peito quando eu penso em amor, mas sei que eu preciso matar o que eu sinto. Fico triste quando vejo que eu estou conseguindo matar o que eu sinto. Eu sinto uma saudade, talvez, dos planos loucos que eu fiz. Me sinto triste pela amizade que eu perdi. Triste pelas palavras mal trocadas. Bom dias amargos. Me entristece saber que meu nome gera sentimentos ruins nas pessoas, embora eu saiba que ele também gere bons sentimentos. Me dá preguiça ter que explicar o que eu sinto, o que eu quero dizer. Fico triste quando não me entendem. Tinham que me entender sem mesmo eu ter que falar, mas não, nem quando eu explico, quando eu detalho, não adianta, não entendem. Fico triste por que eu não emagreço nem com a dieta mais xiita que já se ouviu falar, mas nem cogito a possibilidade de fazer algum exercício físico. Fico triste quando eu estou num bad hair day, mas não quero fazer nada a respeito. Fico triste de ter a obrigação de me sentir feliz, afinal tenho uma casa, uma família feliz, meu empreguinho e saúde, mas eu não me sinto plena e realizada com isso. Mas não quero fazer muito esforço pra me sentir plena e realizada de qualquer forma... Fico triste de ter uma saúde de ferro e torcer pra pegar um rotavírus ou torcer um pé só pra faltar no trabalho e poder descansar em casa. Fico triste de ter que me preocupar com rugas, manchas na pele e articulações enferrujadas por causa da idade, mas o tempo é cruel e acelera cada vez que eu penso nisso. Me entristece até o fato de eu querer exatamente o único incenso que eu não tenho, dos milhões que eu tenho, pra poder tentar meditar. Me entristece a minha falta de concentração, não consigo nem meditar, bons tempos aqueles em que eu conseguia. Fico triste o tempo todo, fico triste quando eu percebo que não passa de estar contente cada sorriso que eu dou. Fico triste mais ainda de perceber que a minha tristeza está dentro e que não há nada de fora que cure. Eu só ficaria contente. Fico triste por não ter mais 17 anos, por ter alisado os meus cabelos que eram tão lindos enroladinhos, por não querer aprender nada da faculdade, por não caber mais naquela calça que nunca tive coragem de jogar fora por que era a calça do parâmetro, por não poder pensar em ninguém quando eu ouço uma música bonita ou vejo um céu com muitas estrelas, por ter pouco dinheiro, pouco tempo. E a minha tristeza não vai embora e quanto mais triste eu fico, mais triste eu fico. Eu estou presa aqui. Não tem saída. Não tem pé, não tem cabeça. Não tem início, não tem fim. Não tem por quê nem pra quê.

segunda-feira, maio 28, 2007

meros devaneios tolos

Eu não consigo dominar meus pensamentos mas as vezes eu gosto de montar nele, mesmo assim sem rédea nem arreio. E aí eu começo a voar sem rumo por certos lugares até já imaginados, situações revividas. Também vou a lugares que eu não quero ir e encontro pessoas que eu não queria ver, por que ele me domina. Meu pensamento não é meu.

Mas também tem vezes que eu vou bem onde eu queria ir e encontro também as pessoas certas, mas não sinto o que eu queria sentir. Eu sinto diferente. As vezes com raiva, outras irritantemente paciente. Em algumas ocasiões com algumas milhares de borboletas voando dentro da minha barriga e eu não posso controlar por que minha imaginação não é minha. Ela não me pertence.

Mas eu pertenço a ela e ela faz de mim o que bem quer. Me faz rir sozinha até não poder mais pensando em coisas engraçadas e depois me faz chorar pensando numa triste e depois me incomoda até eu beirar a loucura com seus milhões de homenzinhos falantes que moram dentro da minha cabeça e nunca chegam a uma conclusão sobre nada e então ficam dando suas opiniões até eu finalmente conseguir pensar em outra coisa.

Aliás, querem fazer o favor de sair daí ou de pelo menos me deixar aqui quieta e calar a boca que eu quero dormir?? Obrigada.

quarta-feira, maio 02, 2007

Saudade... a que mais dói

"Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um estalo, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.

Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do avô que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Doem essas saudades todas.
Mas a saudade que mais dói é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.

Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.

Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele continua a trabalhar no relatório;
se ela aprendeu a dirigir;
se ele continua preferindo Stout;
se ela continua preferindo sumô;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua abraçando tão bem;
se ela continua gostando de massas;
se ele continua lhe amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como conter as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não querer saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."

Martha Medeiros

É a saudade de um tempo e de pessoas remotas que me faz pegar esse texto da Martha (atribuído na internet ao Miguel Falabela) e fazer pequenas adaptações (não mudaram em absoluto o sentido do texto e foi com todo o respeito).

Saudade de um tempo ido. De palavras e vozes que continuam na minha cabeça. Saudade de sabores e sensações.

Saudade de quando eu não tinha medo de nada voltar.

Uma saudade sem fim.

segunda-feira, abril 23, 2007

não são lágrimas

Não. Não são lágrimas. Meus olhos estão assim, cheios d’água por causa da poeira que você deixou pra trás na hora que foi embora e não olhou pra o que estava sendo deixado.

Não. Não é febre. Minhas mãos estão suadas de ansiedade e de dúvida se você volta pra segurá-las.

Não. Não é frio. Eu estou tremendo desse jeito por que meu desejo transborda.

Não. Eu não estou rouca. É só um nó na minha garganta que me impede de falar o que eu sinto.

Não. Eu não estou cansada. Minha respiração está assim, ofegante por que eu lembrei de você num momento que me exige mais fôlego.

Não. Eu não estou com medo. Meu coração está batendo forte assim porque eu te amo.

quando dói o coração

Quando dói o coração, todo o corpo dói.

Por que permitimos que as pessoas entrem assim tão dentro da gente a ponto de sairem carregando um pedaço de nós quando partem? Por que nos damos tanto nos entregamos tanto, nos deixamos tanto em mãos não tão cuidadosas dos nossos sentimentos?

Deveríamos aprender a ficar na margem, olhando de longe a paisagem calma e nos satisfazer dessa visão, como quem se fascina com uma miragem. Mas não nos satisfaz olhar. Humanos que somos, precisamos absolutamente sentir, ao risco de nos afogar... e mergulhamos inteiramente.

E, vida afora, vamos mergulhando em promessas de amor eterno, felicidade infinita e mar de rosas. Não nos questionamos sobre probabilidades de perdas e decepções, pois só de pensar já é doloroso.

Dói... dói... dói e dói!... Mas isso não vai nos impedir de continuar, não vai nos impedir de viver. Pedaços de nós são ainda partes de nós e ninguém disse que precisamos chegar à velhice inteiros e sem marcas.

Isso é vida!!! Não desistir, manter-se de pé, doendo, mas de pé, cabeça erguida na direção do desconhecido e peito cheio de esperança que a próxima vez será diferente.

Grandes artistas obtiveram o melhor das suas obras nos grandes momentos de aflição e dor. Faça o mesmo: Mostre o que de grande há em você tirando partido das suas decepções!

Construa-se!!!

Tenha em mente que não é você que não foi digno daquele amor, mas aquele amor que não foi digno de você. E se faz parte da vida caminhar entre flores e espinhos, não se esquive do caminho.

Caminhe!!!

Amanhã talvez seja diferente. E talvez não. Mas entre as subidas e descidas,você vai ter sobrevivido. E vai ter, sobre tudo, vivido.

(Letícia Thompson).

terça-feira, abril 03, 2007

real

Ao sentimento que é uma coisa abstrata.
Talvez abstrata demais.
Sentimento pra ser sentido.
Sentimento pra ser dito, escrito, ouvido, lido, gritado aos quatro ventos.
Sentimento que transborda.
Sentimento sem pra quê. Nem por quê.
Sentimento que gera dúvida, gera culpa, gera pena.
Sentimento que faz sentir como não devia. Que faz sentir não tanto quando devia.

Sentimento abstrato.
Sentimento que se mostra. Que se mostra em atitudes, se mostra em gestos, presentes, presenças, preocupações.
Sentimento que se esconde com medo de outros sentimentos. Medo da falta de sentimentos. E se poda.
Sentimento de esperança. Já sem esperança. De ser real.
Uma realidade abstrata. Abstrata demais, talvez.
E cheia de sentimentos. Que transborda de realidade. Realmente abstrata.
Realmente sentimental. Realmente real. Palpável.
Toque real. Toque com sentimento. Toque com sentimento real. Mas que é real.
Real por que acontece de verdade.

E é de verdade.
E se baseia num sentimento de verdade.
Abstrato, mas real. Na realidade, abstrato e de verdade.
Real. É assim que é. Real.

quinta-feira, março 22, 2007

quantas

Quantas luas eu vi hoje nesse céu de estrelas que tremem e piscam e fogem dos meus dedos que as querem contar?
E quantos eram mesmo aqueles pássaros grandes e negros que planavam ao redor de uma torre alta como se hipnotizados ou atraídos por uma radiação ou um ímã?
Quantas pessoas vieram na direção contrária, como que peixes contra a correnteza do rio para desovar, na saída do metrô, quando uma onda de gente distraída e com pressa anda sem olhar para os lados?
Quantas, das milhões de vezes que o meu pensamento foi te buscar, ele te trouxe de volta ou pelo menos chegou em um momento em que você pensava em mim?

segunda-feira, março 19, 2007

segunda feira

Como disse uma vez uma poetisa que eu tenho o prazer de conhecer, hoje amanheceu segunda feira. Mas não pra mim.
Era segunda feira para todos os outros e eles saíam pra trabalhar ou estudar, a maioria deles com aquela cara de segunda feira, aquela mistura de preguiça com ressaca...mas pra mim amanheceu sábado com um sol suave e uma brisa gostosa. E eu ainda ganho um presente. Um presente de sábado. Com aquele cheiro de sábado, cheiroso. Aquele som de sábado e aquela sensação que todo sábado sonha em proporcionar. E depois de um dia com a pele linda e o sangue fino eu anoiteci segunda feira. Anoiteci a melhor segunda feira dos últimos tempos.

sexta-feira, março 09, 2007

futuro

Queria saber a direção que eu estou indo a cada passo que eu dou na minha vida. O que será de mim no futuro? Qual vai ser a minha situação daqui a dois, cinco, dez, vinte anos? Eu vou ser feliz?

Por que ultimamente eu tenho entrado numas de não me preocupar com o futuro e viver intensamente o presente – o que eu acredito ser uma excelente idéia – mas será que minha vida vai conseguir se encaminhar para um futuro razoável?

É que eu fico com medo de estar deixando tudo correr muito solto. Não me preocupo com meu crescimento profissional. “Quero ser analista sênior” é o que todos ouvem de mim enquanto eu vejo meus amigos se formarem e estudarem para concursos melhores. Mas eu não quero ser nada além de uma bancária que talvez, num futuro próximo, tenha tempo e oportunidade de estudar física só pra adquirir conhecimento e talvez cantar e escrever um pouco. Isso parece tão pleno pra mim, mas todas as outras pessoas dizem ser pouco. Que eu devia buscar mais. Será que só eu estou certa?

Tento criar meu filho como se ele fosse um amigo pequeno que precisa de um pouco mais de cuidado que os outros. Tento conversar com ele da forma como eu converso com os meus amigos por que meu maior desejo é que no futuro ele seja meu amigo. Mas eu tenho medo que ele sinta falta de uma mãe. Eu não sei ser mãe. Ainda não consegui aprender e admito ser isso uma fraqueza grande. Mas confesso que me acomodei por que minha mãe e irmãs fazem para o Vi o papel de mãe que eu não consigo fazer. No futuro ele vai me cobrar isso? Cobrar por não ter tido mãe nem pai?

E tenho medo também de acabar a minha vida sozinha. Sem encontrar um “sapato velho pro meu pé cansado”. Sei que ainda sou muito nova e tenho muito tempo até que comece o fim da minha vida, mas com esse medo de comprometimento que eu tenho as vezes eu acho que vai ser sim, sozinha o meu fim.

Preciso me convencer a começar a pensar um pouco no futuro. Há de ser possível fazer isso sem deixar de viver intensamente o presente. Vou tentar. Tentar pensar em 6 meses pra frente, acho que é um bom começo! Tentar parar de fazer planos subjetivos e começar a me programar mais. Mas acontece que é tão difícil encarar esse medo. Estamos falando do futuro. Aquele que só a Deus pertence. Que medo! Por que eu não fico logo quietinha aqui no meu presente? Droga, comecei de novo...

sexta-feira, março 02, 2007

Tudo parece vazio quando se faz comparação com o que já passou.

Lembranças...

De tudo, o que resta é memória.

Tantos dos meus amores que duraram para sempre e já passaram. Mas foram eternos! E estão na memória. Na lembrança e no nada.

No que já acabou, no que, sabe lá se ainda está por vir.

E volta a ficar oco e vazio.

E só

quinta-feira, março 01, 2007

sorry

Me desculpa! Hoje eu realizei o quão afoita eu tenho sido. Sua presença me faz bem e eu, como uma ariana desmesurada que sou, a quero em exagero. Às vezes eu sou meio devagar mesmo pra sacar as coisas e por isso te peço desculpas.
Me desculpe pelas vezes – mas também não imagino que tenham sido tantas assim – que a minha ânsia pelo transbordamento da sua carne te obrigou a pensar em desculpas e formas gentis de me contrariar, sem me magoar. A minha ansiedade que é muito grande, mas aos poucos eu estou colocando as coisas no lugar e eu, mulher madura que sou, vou controlar essa minha gula de você.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

manifesto do prazer

EU ACREDITO NO PRAZER ETERNO.

Eu não acredito no amor eterno. O amor, esse do qual se fala por aí, é volátil. A gente ama quem nos dá prazer de alguma forma. E não tem nada demais em amar. Me ensinam a cada dia que eu devo ter medo de amar. Que quando a gente ama a gente se entrega e que é pra sempre.
Grande besteira! Eu não sou pra sempre, nem você, nem ninguém.
Sensação é tudo! Sentir é o verbo que rege o universo!
Cada guerra e cada paz que já houve nesse planeta foi de alguma forma motivada por sentimentos.
Eu posso, se eu quiser, amar uma pessoa que me dá prazer hoje, por todo o sempre que durar o prazer que ela me proporciona.
Eu sinto prazer em tanta coisa. Eu amo infinitamente tanta coisa, tantas pessoas enquanto elas me dão prazer.
Eu também acho que o amor – ou o prazer, ou seja lá do que você quer chamar isso que eu sinto – pode sim ser dividido, desde que seja recíproco.
Hoje eu amo uma pessoa. Amanhã posso amar outra, que não o meu filho – que é alguém que me dá um prazer pleno e diário por todos os dias de minha vida – mas uma outra pessoa qualquer que me encha de um prazer momentâneo e sem a menor expectativa de futuro ou de eternidade, o que me dá ainda mais prazer.
Eu gosto de amar assim, sem preocupar, sem pensar no que vem depois.
Eu gosto de ganhar de presente um gozo profundo e que não me pede outra coisa em troca senão o mesmo presente de volta.
Eu amo isso tudo. E eu odeio que me censurem, por que a única coisa que eu busco é um puro e inofensivo prazer. Ninguém pode exigir que eu não sinta. Eu não vou parar de sentir nem que ninguém queira por que eu tenho imaginação e rebeldia suficiente para isso.
E, agora faz o favor, sai da minha cabeça que eu quero dormir sem sonhar.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Pra você que ajudou a fazer o meu carnaval diferente.

Esse meu carnaval foi diferente. Não teve uma viagem (embora o valor gasto no carnaval inteiro pagasse por uma). Não teve destruição. Não teve samba. Sem cabrochas, pierrôs e colombinas.
O som que ficou desse carnaval não foi o das marchinhas de “mamãe eu quero” e nem de samba enredos das escolas de samba da televisão (mas viva a Mocidade Alegre, poderíamos até mesmo buzinar!!!). O som que ficou desse carnaval foi o de gargalhadas. De muitas delas, das mais variadas. Umas mais contidas, outras soltas e despreocupadas. Teve um som de rock n´roll dos bons..., mas o som que ficou mesmo foi o das gargalhadas.
A companhia do meu carnaval não foi a de foliões animados que pulavam ao som do trio elétrico (ou das gargalhadas), e suavam em bicas. A principal companhia do meu carnaval, também não foi os filmes (embora eu tenha me provido de um estoque considerável deles, sem contar com o cinema). Mas a principal companhia do meu carnaval foi a sua presença e a sua ausência. Mais a presença que a ausência – sorte minha!
O cheiro do meu carnaval não foi do perfume que “lançam” por aí. Não foi um cheiro de cachaça (nem de chuva, suor e cerveja). O cheiro do meu carnaval vem de dentro de uma caixinha de cookies e do seu braço. Esse foi o que ficou!
A sensação do meu carnaval não foi a de ressaca... não. Embora pela manhã eu tivesse um sono que nunca acabava, e isso acontecia também dentro do cinema – nunca dormi tão profundamente em uma sala de cinema na minha vida como eu fiz nesse carnaval!!! Mas de uma forma geral, a sensação do meu carnaval foi de uma coisa normal, contínua. Uma sensação simples, linear. Uma sensação de coisa que flui sozinha... Sensação de um manto... Uma sensação boa. Definitivamente boa
Talvez por que você se fez tão presente, e uma companhia tão absurdamente agradável que eu tenha pensado tanto em você no meu carnaval. Talvez por isso eu tenha escrito pra você saber. Pra você saber.
Eu quero mesmo que tenha sido uma troca. Que tudo isso que eu recebi tenha de alguma forma voltado pra você, mas mesmo assim vou ainda agradecer por ter sido tão massa!!
Thanx!

domingo, janeiro 21, 2007

verbos

Olhar. Sorriso. Mão. Beijo. Abraço. Sofá. Tv. Cafuné. Braços. Carinhos. Cheiro. Beijo. Beijo. Tv. Conversa. Piada. Estórias. Atenção. Beijo. Cozinha. Coca-cola. Conversa. Tv. Risos. Risos. Beijos. Beijos. Calor. Ventilador. Beijos. Carinhos. Luz. Beijos. Carinho. Calor. Bom. Quente. Orelha. Beijos. Carinhos. Pé. Carinhos. Braço. Quente. Quente. Beijos. Cabelo. Beijos. Cheiro. Cheiro. Pescoço. Dente. Cheiro. Beijo. Carinho. Olho. Sorriso. Carinho. Risos. Barulhos. Silêncios. Quente. Beijos. Amor. Igual. Igual. Beijo. Beijo. Bom. Amor. Cabeça. Coração. Amor. Bom. Beijo. Carinho. Cafuné. Quente. Pesado. Bom. Beijo. Carinho. Sono. Cafuné. Encaixe. Braço. Travesseiro. Bom. Beijo. Sono. Sonho. Mão. Cabelo. Cafuné. Carinho. Carinho. Olhos. Olhos. Carinho. Quente. Ventilador. Sono. Sono. Sono. Despertador. Beijo. Sono. Olhos. Beijo. Roupas. Chaves. Porta. Portão. Carro. Farol. Escada. Banho. Cama. Caderno. Caneta. Travesseiro. Telefone. Sono. Amanhã.

terça-feira, janeiro 16, 2007

igual

Todo dia era sempre a mesma coisa. Aquela rotina batida, vida automática. O que mais a angustiava nem era a rotina em si, mas a falta de perspectiva de mudança. O medo de nunca, nada se tornar diferente. Mas acontece, que ela também tinha medo de mudar. Ela tinha tanto medo de mudança que ela comprava sempre o mesmo xampu, o mesmo creme, o mesmo perfume, as mesmas calcinhas na mesma loja. Quando ia para o seu trabalho entrava todo dia no mesmo vagão do metrô. Encontrava lá as mesmas pessoas, o que a fazia crer que não era só ela que fazia as coisas do mesmo jeito sempre. O mesmo café da manhã, o mesmo almoço, as mesmas piadas, as mesmas conversas. O mesmo trabalho, discussões e brigas. A volta pra casa igual. O banho igual e o sono igual. Ela chegou a sonhar igual. Tudo igual.
Mas aí, tudo mudou.

sábado, janeiro 06, 2007

brinde

Hoje, meus amigos, eu quero propor um brinde às coisas simples!
Um brinde a um dia tranqüilo, a uma comida gostosa, a uma música que a gente não escuta há muito tempo.
Queria brindar às crianças brincando até ficarem parecendo uns porquinhos felizes com as bochechas rosadas e as bocas lambuzadas de chocolate.
Um brinde à uma cerveja bem gelada – brindemos com ela!
A um cafuné espontâneo, a um coração que dispara e dá frio na barriga.
Vamos brindar aos bolos de chocolate e a um ou dois dias de saudade, não mais do que isso.
Um brinde ao momento em que se mata a saudade e que se faz as pazes.
Um brinde a um beijo na boca bem dado, a uma noite bem dormida e a um sonho bom.