quarta-feira, maio 31, 2006

vozes da minha cabeça

Como é que pode? Eu nesse silêncio sem fim e quase fico louca como barulho ensurdecedor que fazem as vozes da minha cabeça. Elas gritam, riem, choram e falam, como falam. São muitas e falam coisas controversas e me confundem. Não sei se devo ouvi-las. Poderia só escutar mesmo essa zoeira delas e não fazer nada, mas eu insisto em ouvi-las.

segunda-feira, maio 29, 2006

o gosto

Me dói pensar que às vezes já é tarde demais pra que algo seja feito. Não há o que mudar. Fatos são fatos e o que eu queria que acontecesse não passa de um filme produzido pela minha imaginação. Minha imunda imaginação. Tarde demais pra se voltar atrás mesmo quando o sofrimento é maior que o prazer.

Antes não tivesse eu provado o gosto doce da sua boca e o sabor inesquecível da sua carne. Agora me resta o amargo da sua ausência. O amargo da minha boca sozinha.

Mas nada vai mudar, nada adianta mais. Eu perdi.

Eu só queria saber se você tem noção do que você fez comigo, com o meu coração. Do que a gente poderia ter sido.

Mas é tarde demais e nem o que você sente eu vou poder saber agora. Amargo e dolorido
.

quinta-feira, maio 25, 2006

certidão negativa - com créditos

nego a ambição estelar
nego livros que ensinam a amar
nego sorrisos pela metade
nego de gente-bem a sociabilidade
nego selos presidenciais e reais
nego tudo que seja demais
(abro exceção ao macarrão)
nego tudo que for de menos
nego sentimentos serenos
nego meus medos
(tantos que não conto nos dedos)
nego médicos de branco
nego aos amigos meu pranto
nego dos felizes a sanidade
nego toda e qualquer verdade
nego declarações levianas
nego gosto de fome e bombas
nego a imensidão sideral
nego os anéis de saturno na vertical
(não sei do chão do universo)
nego o verso e o reverso

nego o teu design
nego aderir ao marketing
nego fazer merchandising
nego tua falta de feeling
nego-me a sofrer teu knock-out

nego as tuas respostas
nego todas estas bostas
nego que o mundo seja possível
(reconheço que sou irascível)

nego forma e conceito
pergunta-me, eu te nego
prefiro brincar de lego
não vou viver do teu jeito

Nelson Gesualdi

terça-feira, maio 23, 2006

instinto

Existe uma parte de mim que dói quando eu te vejo. Ela dói mais ainda quando eu te vejo e não posso te beijar.
Eu queria te beijar o tempo todo. O seu beijo é tão bom! A sua boca macia, sua língua quente, sua barba que me arranha. Sua mão que me segura com força. Seus braços que me apertam... Nós tínhamos que nos beijar toda vez que nos encontrássemos.
Eu não gosto de sentir o desconforto de não saber o que fazer com as mãos. De não saber que rumo dar para o meu olhar. De controlar meus instintos e não ir pra cima de você. O natural não é esse.

quarta-feira, maio 17, 2006

seu cheiro

De repente me veio o seu cheiro. Aquele que eu gosto tanto. O cheiro que você tem quando você chega. Na verdade, o cheiro do seu perfume. Um cheiro que vem de perto do seu pescoço. Esse cheiro me traz tanta coisa boa!!! E, sabe que pensando no cheiro do seu perfume, me veio agora o seu cheiro. O seu mesmo, o da sua pele. Um cheiro que nenhum outro ser humano tem. Um cheiro que eu seria capaz de farejar a metros, quilômetros, de uma forma totalmente animal, selvagem. O cheiro que tem suas costas quando depois e a sua bochecha quando antes.
E engraçado é que começam a me vir os seus cheiros sem parar... seus sons.
Eu conheço o cheiro do seu hálito, cheiro dos seus cabelos, das suas roupas, do interior do seu carro e até da sua casa.
Conheço o som de você dormindo, rindo, falando, resmungando, seus instrumentos, suas táticas, manhas e artimanhas.
Eu te conheço mais do que você pode imaginar. Eu sei o que você quer me dizer com suas meias palavras e atitudes disfarçadas. Te conheço muito melhor do que você pode imaginar

quinta-feira, maio 11, 2006

suspiro

Acabei de comer o melhor suspiro do mundo. Pode ser por que eu estou tentando – de novo – fazer dieta, mas foi, assim, como um néctar dos deuses. Sabe assim, aquele suspiro que tem uma casquinha fina e bem douradinha que quebra só com a intenção de seu dente morder? Então, era assim. E ele quebrava todo mesmo. Era até difícil de segurar. Chegou a cair um pedacinho no chão. Mas aí, depois da casca, ele era desses suspiros que ficam com um cremezinho dentro. Mas não era bem um merengue daqueles que a gente mastiga e fica meio puxando, meio chiclete, não. Era um creme mesmo. Por incrível que pareça não estava muito doce – o que é uma condição primordial para que eu goste de um doce – e no finalzinho vinha um gostinho de limão. Tenho que admitir que não consegui comer um só. Comi dois! E o segundo estava igualmente perfeito. Um suspiro que merece um suspiro. Que suspiro! Um suspiro de Vó. Da minha Vó. E foi bem ela mesma que fez, quando veio aqui em casa hoje pela manhã enquanto eu estava muito ocupada trabalhando e me estressando e não pude abraçar e beijar e cheirar o cangote dela e dizer que ela é uma vovozinha amada e que faz o melhor suspiro do mundo!

domingo, maio 07, 2006

Tudo parece vazio quando se faz comparação com o que já passou.

Lembranças...

De tudo, o que resta é memória.

Tantos dos meus amores que duraram para sempre e já passaram. Mas foram eternos! E estão na memória. Na lembrança e no nada.

No que já acabou, no que, sabe lá se ainda está por vir.

E volta a ficar oco e vazio.

E só

quinta-feira, maio 04, 2006

palavras

Olhar. Sorriso. Mão. Beijo. Abraço. Sofá. Tv. Cafuné. Braços. Carinhos. Cheiro. Beijo. Beijo. Tv. Conversa. Piada. Estórias. Atenção. Beijo. Cozinha. Coca-cola. Conversa. Tv. Risos. Risos. Beijos. Beijos. Calor. Ventilador. Beijos. Carinhos. Luz. Beijos. Carinho. Calor. Bom. Quente. Orelha. Beijos. Carinhos. Pé. Carinhos. Braço. Quente. Quente. Beijos. Cabelo. Beijos. Cheiro. Cheiro. Pescoço. Dente. Cheiro. Beijo. Carinho. Olho. Sorriso. Carinho. Risos. Barulhos. Silêncios. Quente. Beijos. Amor. Igual. Igual. Beijo. Beijo. Bom. Amor. Cabeça. Coração. Amor. Bom. Beijo. Carinho. Cafuné. Quente. Pesado. Bom. Beijo. Carinho. Sono. Cafuné. Encaixe. Braço. Travesseiro. Bom. Beijo. Sono. Sonho. Mão. Cabelo. Cafuné. Carinho. Carinho. Olhos. Olhos. Carinho. Quente. Ventilador. Sono. Sono. Sono. Despertador. Beijo. Sono. Olhos. Beijo. Roupas. Chaves. Porta. Portão. Carro. Farol. Escada. Banho. Cama. Caderno. Caneta. Travesseiro. Telefone. Sono. Amanhã.