quarta-feira, dezembro 27, 2006

Vou-me embora para passárgada

Vou-me embora pra Passárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada

Vou-me embora pra Passárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Passárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada


Manoel Bandeira

quinta-feira, dezembro 14, 2006

De Babe Lavenère (desculpe o engano!!)

Íntimo Decreto Lei 27112003, Carmesim ou Pequena Ode ao Homem Desencantado

Dar um fim às coisas que já tiveram fim.
Estou dolorida,
Sinto medo, ai de mim!
Quero sentir outras coisas. Melhores. Mais vida!
Das cores, a mais: quero o carmim.

Uma paixão arrebatadora e falada.
Se for príncipe encantado: nego,
Quero coisa desencantada!
Mas não ao desencanto, disso não sossego.
Ao homem real: nascí pra ser amada

Ai, como era bom!!!

Eu gosto tanto de te saber aqui por exemplo, numa segunda feira de manhã. É tão bom conversar horas de besteira com você nas posições em que acomodamos mais esdruxulamente as nossas pernas. E você esticar um pouquinho o seu braço e brincar com um carrinho esquecido embaixo da cama enquanto eu carinho as suas costas. E te beijar e começar tudo outra vez, sem pressa. Observar suas mãos, encaixar os meus pés nos seus, fazer amor até cansar. Tomar um banho e voltar pra cama. Sem pressa. E pensar em como você não tem noção de como eu me sinto ao te beijar no meio de um supermercado com desejo suficiente pra te amar para o resto de minha vida.

terça-feira, dezembro 12, 2006

tema recorrente

É no domingo que tudo fica pior por que sozinha eu sou todos os dias, mas no domingo eu sou mais. No domingo, o dia se arrasta. Parece que tudo fica mais preguiçoso, mais quieto e eu mais sozinha. No domingo eu não tenho saco, não tenho paciência. E sou mais sozinha.
Era pra ser no domingo que eu passaria toda a manhã na cama, mas não sozinha.
No domingo eu almoçaria alguma coisa bem gostosa e iria ao cinema a tarde. Tomaria um sorvete ou um café.
Ou então, clube pela manhã, muito sol, papo animado. Um cochilo comprido a tarde com direito a muito carinho, um banho a dois, jantarzinho e amor. Amor sem fim.
Ah, mas hoje eu estou me sentindo tão sozinha!