segunda-feira, julho 31, 2006

como tem passado? Vai bem?

JOSÉ
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?
E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?
Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!
Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?

domingo, julho 09, 2006

tarde de ano novo

Hoje eu bolei uma tarde especial pra nós dois. Não sei ainda se vai dar certo, mas se der vai ser bem legal.
Uma tarde qualquer de um dia útil. Uma tarde que – eu vou torcer – tenha muito sol. Uma tarde sem precedentes. Como esta nunca houve...
Seria assim: a gente se encontraria pelo caminho e seguiríamos juntos pra algum lugar que eu já pensei. Lá, iríamos conversar e rir muito. Contar coisas que só nós dois podemos saber e nos tornaríamos ainda mais cúmplices um do outro. A gente ia também comer alguma coisa bem gostosa. Comeríamos com a mão, que é muito mais legal e falaríamos com a boca cheia sem se preocupar com etiquetas.
Discutiríamos assuntos sérios e banais. Concordaríamos em alguns pontos e discordaríamos em outros tantos e morreríamos de rir mais uma vez da situação que se repete a cada encontro.
Nos recordaríamos de acontecimentos remotos de nossas vidas e contaríamos como se fossem eles fábulas.
Comentaríamos também fatos recentes e planejaríamos pequenos eventos futuros.
E nos entregaríamos como nunca antes. Você ia segurar o meu braço daquele jeito que eu não consigo me mexer e beijaria o meu pescoço. Depois nos beijaríamos até a exaustão e nos amaríamos de todas as formas que nos apetecessem. Depois descansaríamos, aninhados nos braços um do outro e nos despediríamos do ano acaba e que trouxe coisas interessantes, e saudaríamos o novo ano que chega para que nele, as coisas sejam inesquecíveis.