segunda-feira, maio 28, 2007

meros devaneios tolos

Eu não consigo dominar meus pensamentos mas as vezes eu gosto de montar nele, mesmo assim sem rédea nem arreio. E aí eu começo a voar sem rumo por certos lugares até já imaginados, situações revividas. Também vou a lugares que eu não quero ir e encontro pessoas que eu não queria ver, por que ele me domina. Meu pensamento não é meu.

Mas também tem vezes que eu vou bem onde eu queria ir e encontro também as pessoas certas, mas não sinto o que eu queria sentir. Eu sinto diferente. As vezes com raiva, outras irritantemente paciente. Em algumas ocasiões com algumas milhares de borboletas voando dentro da minha barriga e eu não posso controlar por que minha imaginação não é minha. Ela não me pertence.

Mas eu pertenço a ela e ela faz de mim o que bem quer. Me faz rir sozinha até não poder mais pensando em coisas engraçadas e depois me faz chorar pensando numa triste e depois me incomoda até eu beirar a loucura com seus milhões de homenzinhos falantes que moram dentro da minha cabeça e nunca chegam a uma conclusão sobre nada e então ficam dando suas opiniões até eu finalmente conseguir pensar em outra coisa.

Aliás, querem fazer o favor de sair daí ou de pelo menos me deixar aqui quieta e calar a boca que eu quero dormir?? Obrigada.

quarta-feira, maio 02, 2007

Saudade... a que mais dói

"Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um estalo, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.

Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do avô que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Doem essas saudades todas.
Mas a saudade que mais dói é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.

Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.

Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele continua a trabalhar no relatório;
se ela aprendeu a dirigir;
se ele continua preferindo Stout;
se ela continua preferindo sumô;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua abraçando tão bem;
se ela continua gostando de massas;
se ele continua lhe amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como conter as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não querer saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."

Martha Medeiros

É a saudade de um tempo e de pessoas remotas que me faz pegar esse texto da Martha (atribuído na internet ao Miguel Falabela) e fazer pequenas adaptações (não mudaram em absoluto o sentido do texto e foi com todo o respeito).

Saudade de um tempo ido. De palavras e vozes que continuam na minha cabeça. Saudade de sabores e sensações.

Saudade de quando eu não tinha medo de nada voltar.

Uma saudade sem fim.