sábado, março 18, 2006

conversa com um interlocutor imaginário

Podia mesmo era estar chovendo e assim o calor ia diminuir. Porque, sinceramente, não tem graça nenhuma esse calor de nada. Só de quente.

Se estivesse chovendo aí eu podia mesmo era estar morrendo de calor, mas calor de bom. De tesão. Calor de dar vontade de tirar a roupa e ir correndo pra debaixo da chuva e, de repente, até ficar por lá mesmo até baixar o fogo...

E então com o calor já aumentado pelo contato incessante com o seu corpo e depois abrandado pela chuva eu podia muito bem sentir um pouco de frio e enroscar as minhas pernas nas suas por baixo do edredom.

E com as pernas emboladas, a gente podia ficar bem quietinhos, sem falar palavra, se possível sem nem respirar por que assim eu ia conseguir ouvir o som do prazer terminando de passear por nossas correntes sangüíneas e podia prestar bem atenção e sentir o cheiro da adrenalina, misturada com o do seu suor, e do meu e o do incenso que eu acendi antes.

E daí, a gente podia, depois disso, dormir ou ler ou só ficar ali mesmo, daquele jeito sem ter que dar satisfação pra ninguém, sem precisar ajustar o despertador e nem pensar nos compromissos que cada um tem amanhã.

E quando estivermos bem quentinhos e já quase nos entregando ao sono, alguém ia ter uma idéia de uma brincadeira bem legal, e aí a gente ia brincar e brincar até ninguém agüentar mais o edredom na cama e eu ia sair atrás de um ventilador e uma garrafa de água gelada.

E quando a gente dormisse, podíamos sonhar com amenidades ou coisas desconexas. Nada que faça nenhum sentido. E eu não sonharia com você, e nem você comigo. Teríamos o sono dos justos e dormiríamos até o sono acabar.

Um banho, um copo de café ou de leite com nescau e vamos embora, cada um para sua vida sem precisar de maiores despedidas ou de combinar nada porque a gente sabe que os nossos corpos vão - de novo – se atrair como ímã tão logo sintamos calor novamente. Ou, a chuva caia.

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